Como em outra pessoa
Ela sentava no banquinho da praça, ajeitava os tênis e ficava esperando o vento passar. E fazia um esforço enorme para não pensar na mesma coisa que tentava evitar pensar há mais de uma semana.
Insano o modo como se sentia incapaz de fazer tudo o que achava que deveria saber, em como tinha raiva de achar que não sabia, de se sentir tão sem-vontade ao menos de se fazer entender. Mesmo sendo fácil explicar com uma palavra, fazer-se entender ultrapassava qualquer intenção no mundo da comunicação.
Passava um carrinho de churros, e, ah, como gostava de churros. Sentada na praça comendo churros e o céu nublado...
Dentre tantas opções fáceis de escolher, ela não conseguia assimilar por que sempre tudo o que escolhia parecia o jeito mais difícil, as pessoas mais difíceis com quem se relacionar, as frases mais feias de soar, os pensamentos mais difíceis de expressar.
Talvez o problema nem fosse dela, mas do mundo inteiro que andava meio defeituoso, das pessoas que não faziam as coisas direito, das bicicletas que passavam na frente do carro sem nem olhar para trás, dos carros que paravam no meio da pista sem ligar o pisca-alerta, das pessoas que não têm um pingo de humildade. Era verdade quando alguém falava que o mal do homem é o saber. Um puta mal. E ela ainda tinha que lidar com isso quase todos os dias, ao mesmo tempo em que calculava o tempo que iria levar no fim de semana inteiro para dar conta de tudo para a semana que viria.
Depois vinha a fatalidade da indagação “ainda tem mais o quê depois disso? O que vem depois?”, como se a vida pudesse trazer uma compensação proporcional a tudo aquilo. Continuaria a esperar enquanto realmente achava que para nada valeria qualquer tipo de esforço para que qualquer coisa funcionasse... simplesmente não funcionaria.
Nem ninguém compensaria, nem qualquer palavra confortaria, nem qualquer companhia aliviaria, nem qualquer silêncio calaria aquele barulho ali dentro, que ninguém mais ouvia, e só ela sabia como era.
**Parece que não tá funcionando. Parece que não tá funcionando. Parece que não tá funcionando.
- Opa, fazendo o quê?
- Sei lá, só levando o vento na cara...
- Parece... o tempo está mudando?
- Só parece... na verdade nada muda de acordo com nossas previsões, então prefiro não dizer nada.
- É difícil mudar, devia vir em nota de rodapé o protocolo disso, né?
- Pois é, mas acho q é porque a gente tem que descobrir sozinho como é que muda as coisas
- E as pessoas?
- As pessoas na verdade verdadeira são sós.
- Sós?
- É, encontram umas às outras para se sentirem cada vez menos acompanhadas, mas continuam vivendo que não conseguem viver sem as outras. Faz sentido? Para mim faz.
- Não mesmo... eu nunca quereria terminar só, morrer só, viver só, dormir só...
- Pois é, não é que outras pessoas possam completar você, mas tem a ver com aquela coisa de interessância, ou como vc se sente estando perto, mas a convivência desgasta, e vc aprende a pensar por si só... bem, na verdade vivemos de pensar por nós mesmos. Aí quando achamos alguém que pense parecido, pensamos não estar sós. Aí vivemos mundinhos sós juntos, meio que compartilhando a mesma atmosfera... ufa!
- Mas tem gente que vai pelas outras...
- E tem outras que nem pensam nem agem por nada, e ainda vivem por outrem.
- Patético isso
- É, patético amar.
- Não, patético acompanhar.
- Patético se esforçar?
- Mais ou menos... ridículo se doar... quase nunca vem uma xícara de caldo de feijão em troca... caldo de feijão, aquele, que é praticamente só o sal e a água com gostinho de charque...
Nem ninguém compensaria, nem qualquer palavra confortaria, nem qualquer companhia aliviaria, nem qualquer silêncio calaria aquele barulho ali dentro, que ninguém mais ouvia, e só ela sabia como era.
**Parece que não tá funcionando. Parece que não tá funcionando. Parece que não tá funcionando.
- Opa, fazendo o quê?
- Sei lá, só levando o vento na cara...
- Parece... o tempo está mudando?
- Só parece... na verdade nada muda de acordo com nossas previsões, então prefiro não dizer nada.
- É difícil mudar, devia vir em nota de rodapé o protocolo disso, né?
- Pois é, mas acho q é porque a gente tem que descobrir sozinho como é que muda as coisas
- E as pessoas?
- As pessoas na verdade verdadeira são sós.
- Sós?
- É, encontram umas às outras para se sentirem cada vez menos acompanhadas, mas continuam vivendo que não conseguem viver sem as outras. Faz sentido? Para mim faz.
- Não mesmo... eu nunca quereria terminar só, morrer só, viver só, dormir só...
- Pois é, não é que outras pessoas possam completar você, mas tem a ver com aquela coisa de interessância, ou como vc se sente estando perto, mas a convivência desgasta, e vc aprende a pensar por si só... bem, na verdade vivemos de pensar por nós mesmos. Aí quando achamos alguém que pense parecido, pensamos não estar sós. Aí vivemos mundinhos sós juntos, meio que compartilhando a mesma atmosfera... ufa!
- Mas tem gente que vai pelas outras...
- E tem outras que nem pensam nem agem por nada, e ainda vivem por outrem.
- Patético isso
- É, patético amar.
- Não, patético acompanhar.
- Patético se esforçar?
- Mais ou menos... ridículo se doar... quase nunca vem uma xícara de caldo de feijão em troca... caldo de feijão, aquele, que é praticamente só o sal e a água com gostinho de charque...
Comentários
Ps: to parecendo akelas conselheiras d revistas d adolescentes... aiaiaiaiaia... q fim triste!
Comentário ao 2º post, agora em diálogo, como o próprio post:
Eu: vcs td pensando em casamento... me sobra pensar nos presentes e vestidos q terei q comprar!
Ela: Até parece! Vc fala assim, mas c esse jeitinho vc vai acabar sendo a primeira a casar e ter filhos.
Eu: de onde vc tirou isso?! vai demorar tanto até eu casar, talvez isso nem aconteça. Tenho planos d ser boêmia.
Rsrsrsrsrsrsr
Ela: Na época da minha mãe isso tinha outro nome!
Rsrsrsrsrsrsrs
Eu: Vc tah insinuando q eu tenho planos d ser rapariga?!
Rsrsrsrsrsrsrsrsrs