Dia dos namorados - o golpe final!

Sempre acho que vou sofrer um bocado se um dia viver com uma pessoa que use o creme dental apertando a bisnaga no meio, ou que deixe as sandálias de cabeça para baixo, ou que deixe as roupas amassadas e coisinhas em cima da cama. Já sou meio neurótica com a minha própria bagunça no meu quarto...
[o nosso amor não vai olhar para trás, desencantar, nem ser tema de livro]
Imprevisibilidade, conversa, graça, união, discordâncias, chocolate, gloss, cadeira de balanço, olhos verdes, argumentação, cenas de sitcoms, risos imaginários, risos incontroláveis, gargalhadas, dor no estômago de tanto rir. Insegurança, medo de ir embora, medo que vá embora, dormir sem desejar boa noite, medo de um dia o assunto acabar, medo de que não sinta falta; medo de que tenha tantas ocupações que, entre a bebida de água e a troca de roupa não possa lembrar de mim. Sou egoísta às vezes, eu sei...

[entre por essa porta agora e diga que me adora, você tem meia hora pra mudar a minha vida]
Eu adoro; eu tenho medo. Sou insegura até os últimos fios de cabelo (mesmo sabendo que todos os dias chego a ter certeza, por frações de segundo, que estou chegando aos últimos, de fato), mas faço de tudo para que não pareça; como todo mundo encontra formas de mascarar suas inseguranças (algumas pessoas fazem questão de não disfarça-la), tenho as minhas, como fingir que não me importo com alguma coisa e mudar de assunto, ou fingir que estou absolutamente segura em algum lugar. Nos dias em que me arrumo mais, em que combino saia com blusa, bijoux, maquiagem e cabelo, é quando quero me sentir mais feminina (lógico!), mas não só; é quando quero compensar algo malfeito que fiz horas antes, ou quando quero parecer suficientemente adulta, feminina, bonita e produtiva ao mesmo tempo em que me sinto igualmente o contrário. O melhor enganador é aquele que se maqueia bem e com facilidade... as olheiras que o digam!
[se eu pudesse escolher outra forma de ser eu seria você]
Não fui das pessoas do meu tempo que aproveitou mais, que saiu mais, que namorou mais pessoas, beijou mais de boca em carnavais fora de época, que recebeu cartinhas de admiradores secretos, que teve romancinhos secretos. Não que nada disso seja bom... prazeres à parte, sou o tipo de pessoa que se contenta com uma só pessoa, que passou a vida inteira (e eu lá sei se um dia vou fazer parte do núcleo das pessoas que procurarão pra vida toda?!) procurando o amor; que tem feito o que tem lhe satisfeito, e que se sente bem quando senta no sofá olhando para o leite condensado e, conversando com ele, solta um “é... eu encontrei, eu amo alguém!”, e ri sozinha.
Sabe, não me contento com pouco... como alguém em algum lugar já disse, sou melhor com as palavras do que nessa carne aqui fora – não que seja realmente, mas penso como se fosse... quase sempre penso nas coisas como se elas fossem.

[as coisas são assim, e se será, será. Pra ser sincero o meu remédio é te amar, te amar...]
Daí que sempre chego ao mesmo ponto. Não importa o tamanho do pé, a cor dos olhos, a altura, a voz. Sou romântica (ieeeck! Difícil de admitir rsrs), nunca tentei ser meiga, mas acabei de passar um fim de semana inteiro ouvindo que sou (mais uma prova de que não parecemos às pessoas igualmente como nos vemos). Canto música enquanto corto cebola. Sento na cama para pensar, quando penso que não tenho o que fazer naquele “agora”.
Eu encontrei uma pessoa que, putz!, “que o quê?”.. Ah, que sei lá... ele me encontrou? Bem, na verdade não havia ninguém perdido na história. “Tem coisas que não precisam ser ditas”, você disse uma vez...

"Eu tomaria sorvete no pote, de colher, se me chamasse, brincaria de amarelinha, faria tatuagens de canetinha hidrocor, deitaria no chão frio e contaria as telhas, deixaria minhas paranóias de lado, comeria a jujuba azul [que não gosto! De que é jujuba azul? De sabão em pó?], dormiria sem lençol e sem ventilador, pintaria os cabelos de cor que nunca tive vontade antes, tomaria até cappuccino em xícara pequena, pararia de ler, deixaria de alimentar a compulsividade, se me pedisse. Escreveria coisas bonitas com minha caligrafia feia, procuraria rir nas horas certas do filme [porque quando rio nas horas erradas – que me dão vontade é esquisito], até tentaria gostar de cachorro se caso fosse [mas os gatos têm que ir junto], teria mais vontade de ver o mar e quereria ficar menos só, quereria ter filhos, faria coisas sem planejar, daria um desconto à teimosia, só pra que o meu lado da cama não fosse só meu, nem o seu fosse só seu, mas que a cama toda fosse nosso lado da cama; renunciaria aos meus programas de TV favoritos à noite [ta, assistiria às reprises de madrugada], pensaria nos meus piores crimes pessoais, aprenderia a digerir o feijão-com-arroz cotidiano que se chama rotina, realizaria experiências emocionais com camundongos brancos dentro de uma gaiolinha, fingiria ser um dos camundonguinhos brancos... falaria coisas em outras línguas que nem conhecesse, sabendo o significado de cada sílaba, mesmo que só nós 2 fôssemos saber daquilo tudo no final; não me importaria se as pessoas me chamassem de doida depois disso, arriscaria pular uma fogueira, pularia corda, pularia buracos no asfalto, tudo isso rindo, e depois pediria o beijo que ficou me devendo, só pra no final pagar nas moedinhas de bilhetinhos que eu gosto de escrever e deixaria coladinhos no espelho ou na geladeira." (mim por eu mesma no antigo... mas na melhor das significâncias... sempre achei perfeito para o dia de hoje)