Da sede da auto-imagem - o narcisismo

A incurável necessidade feminina do “ver e ser vista” não passa, para a maioria, de um defeito.
Mas o que seria da mulher se não tivesse “o pé” de se sentir importante sendo tão observada? Certamente não existiria o mundo da moda e ela não sofreria tanto para se sentir bela. Tá certo que de cultura para cultura se difere o conceito de beleza (eu jamais queria me sentir bonita com meu pescoço esticado uns 10 centímetros a mais, pois é... beleza é algo relativíssimo!), mas tudo se embasa também no que seja o gosto masculino e o que exerce atração dele no sexo oposto - ou no gosto condizente, né, goste quem goste do quê, gostando de homem ou de mulher, o mundo gira em torno das aparências.
Quereria você ser aquele belo moço que caiu em um lago e morreu afogado por se extasiar com sua imagem refletida na água?! Todos os dias nos afogamos em nossa própria beleza sem sentir; ou o que nos impulsiona a passar mais que 5 minutos na frente do espelho ajeitando os cabelos todos os dias, o que se torna em uma infindável maratona nos fins de semana ou nos encontros românticos, quando o tempo se transforma em 5 horas, entre escolher a roupa, arrumar o cabelo, escolher a maquiagem, fazer a maquiagem, reescolher a roupa e trocar de sandálias, no mínimo, 3 vezes?! Não é só a questão do culto ao corpo... é uma necessidade feminina (e metrossexual masculina, hehehehehe) a de se sentir bonita. Em dias de cólica a última coisa que eu quero é ficar apresentável, esqueço do pó, de esconder as olheiras, não faço a mínima questão de ajeitar o elástico da calcinha pra não ficar marcando na calça jeans – aquela velha, mesmo, a primeira que vejo no guarda-roupa que sequer aperta (o melhor jeans – o velho... morro de saudade da minha calça velhinha que se rasgou semanas atrás).
Pouco sabe o resto do mundo que cantamos, dançamos, conversamos com o espelho enquanto nos arrumamos, secamos a barriga, esticamos a coluna, jogamos beijinhos e dizemos em silêncio: “você está gostosa hoje” com um mantra pra que entre na cabeça que o dia hoje será menos mau. E nunca conseguimos o nível de “gostosura” que gostaríamos... apenas o necessário.
Segredo: nessas horas vai-se embora o defeitinho aquela celulite e as estrias representam – a deliciosa condição de ser humana... aquela que ainda nos faz graciosas quando tropeçamos ou quando tentamos, sem imagem, aprumar os cabelos que estão meio arrepiados...
O que seria de Narciso se vivesse na nossa época da alta costura, das casas de vidro, das aulas de dança rodeadas de espelhos, do mundo das imagens?

Comentários

Júlia disse…
Sem duvidas, a realidade no duro! caraca! eh engraçado como vc mostra a essencia feminina, nos minimos e intimos detalhes, da minha parte sem tirar nem por! acho que somos mesmo (quase) iguais! eu sou mais uma no hall das que entraram no sofrimento pra tentar ser mais apresentável, aparelho ortodôntico, creme para espinhas, produtos pra desarmar o cabelo, maquiagem, acessórios etc..

qnto ao Narciso tadinho, já estaria mto louco!
maria clara disse…
meu deus!
tu leva 5 horas pra se arrumar?

hihihihi
Sheila disse…
Ai, ai...Eu já fiz tanta coisa no meu cabelo que se ele não caiu até hoje, não cai mais (eu espero). Enfim, mulheres...rs

Beijo! Muito bom o seu blog!
Anônimo disse…
Eu quero ser gostosa omiii.. :/ (eu absorvo a ideologia ¬¬)
Anônimo disse…
Ah..e persigo a utopia tbm ¬¬

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