PARTE I. Eu mesma já li umas 3 vezes...

“once I was a baby but I had a dream”... uma vez eu fui bebê, mas eu tinha um sonho...

[E tem muita coisa que as pessoas deveriam conhecer, mas o medo de passar por aquilo ou de ter dentro de casa fazem-nas se afastar. Não faça isso...]

Dizem que o autoconhecimento é a maior riqueza que alguém pode ter... ando muito pobre, então. As surpresas a que me reservo praticamente todos os dias fazem de mim uma incógnita, daí me apavoro com a conclusão, a mais devastadora de todas: eu não me conheço, ou me conheço o bastante para admitir que sempre há algo novo que venha a surpreender.
“uma das coisas boas de andar com você é que aprendo muito sobre esses assuntos”, falou uma amiga, hm, quando foi? Ontem. Sobre o carbonato de lítio, cloreto de clordiazepóxido e assuntos afins. Eu falava sobre os equívocos que as pessoas têm com os distúrbios, digamos, psicológicos. Bipolar não é aquela pessoa que está feliz agora e mal-humorada mais tarde. Depressiva não é a pessoa que está querendo chamar atenção – tem os “crianções” que querem chamar a atenção e ficam tentando se matar, e chorando lágrimas de crocodilo por aí, inventando poeminhas xoxos tudo por causa de amores desandados.

A depressão é pior, bem pior. Por não ter estímulo a nada, nem as relações interpessoais importam, e a pessoa se isola, daí que é mais fácil o genuíno depressivo não sair por aí gritando aos quatro ventos que tem depressão, que vai se matar e talz, o que acontece é, depois de um tempão, conversando com alguém, falar que “já teve” depressão; o paciente depressivo normalmente não socializa seu problema, não reconhece a origem das suas angústias e se comunicar é mais pesado do que qualquer bagagem de viagem para dois anos. A vida não faz sentido, falar com as pessoas não faz sentido, os seus próprios problemas não fazem sentido.

No início chorar é a única ação na mínima menção em verbalizar pensamentos, depois vem a apatia – qualquer coisa tanto faz... as pessoas “tanto faz”; tudo é tão... ridículo, tão inatural, artificial. E os dias se arrastam como se nunca fosse anoitecer, e as noites se arrastam também. Mas como uma pessoa é tão diferente da outra, enquanto uma sofre de insônia severa, a outra não sabe fazer qualquer coisa senão dormir. A auto-estima se encontra em um nível tão baixo que, ao sair de casa (SE sai de casa) imagina que todos estão olhando para a pessoa e julgando-a feia, ridícula, burra, enfim. No plano real pode nem haver problemas concretos, pode não ter quaisquer defeitos estéticos, não ter problemas de fato em casa, e é nessa hora que devem ser investigados os problemas interiores. Normalmente nesse sentido o indivíduo sofre das chamadas “dores internas”, as feridas do ser: são dúvidas sobre sua auto-imagem, moral ferida, processo de embate de sua personalidade com o próprio amadurecer, o “sair da bolha” da juventude – o perigo do pensar.

As pessoas que sofrem assim pensam demais. Não é o ócio que traz as nuvens negras – é fato que o grande número de ocupações chega a fazer a pessoa esquecer os problemas de nível pessoal, o que, por outro lado, pode representar um meio de mascarar o sofrimento iminente. O pensar faz as feridas interiores minarem na superfície da própria pele e as transforma em males físicos. A mente é uma máquina de manipulação severa do indivíduo em todos os aspectos. Impressionante. Fantástico.
[Só entende os reais motivos e verdadeira essência do suicida aquela pessoa que, no mínimo, já pensou realmente em se matar]. E é esse o problema de quem se encontra na situação, “nos couros” do depressivo. Mesmo tendo algum tipo de disfunção de neurotransmissores, o que for, a apatia, o desapego de si próprio levam à “constatação” de que não há mais qualquer saída ao seu sofrimento. Acabar consigo mesmo parece ser a única resposta viável. Suicídio não é questão de liberdade de escolha. Ele não “escolhe”; ele é impelido ao ato, sem os raciocínios sentimentais que se tem sobre as pessoas queridas que ficarão ou pagarão a vida inteira pelo seu auto-massacre. Depressão é quadro clínico, e como tal, deve ser direcionada a terapêutica correta, e as melhores formas de abordagem.

É como uma casa temporária onde se passa os piores apertos da vida, com janelas para a rua: quem está dentro, com o tempo não se importa mais com o que ou quem está passando lá fora. Quem passa lá na calçada tenta, pela janela, entender aqueles sons ininteligíveis lá de dentro, morrendo de pena da pessoa que fica acuada ali, naquele canto de parede... passa na calçada, vê pela janela e não entende muito, não sabe como começou tudo, não sabe como vai terminar – foi só o instante. E quem sai da casa na esperança de achar um lugar melhor torce para nunca mais ter que voltar para lá. É mais ou menos assim por pelo menos dois meses.

[CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO]

Comentários

Anônimo disse…
Olá Mia! Passei por aqui para te avisar que o teu blogue está nomeado par o Prémio Mensagem de Melhor Blogue de Interesse Cultural e Lúdico (prémio meramente honorífico, claro). Passa pelo meu blogue para saberes mais: behindthemessage.blogspot.com

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Júlia disse…
Miaaa!
to feliz pela nomeaçãodo seu blog, hehhahaah boa sorte!
hmm, eu tbm gosto de conversar com vc,trocar umas ideias,aprender um pouco mais desse mundo intelectual, hehahahehah ja aprendi mto coisa..mta mesmo ;)
loveiu!
Anônimo disse…
hALLO!!!
EU VOTO NESSE BLOOOOOOOOOOOOOG!!!
ELAA � MINHA AMIGA, MINHA AMIGA111
Unknown disse…
isso que eh viver no limite, viu?
que venham os olhos de não sei o quê!

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