Alegria? Alegria
Há dois dias sento na frente do pc na esperança de que alguma coisa do meu TCG flua. Dois dias! Assim, não que ele esteja chato (ou não que não esteja), mas é impressionante como tudo parece beeeeem mais interessante que isso. Como exemplo tem-se a minha atual alegria inominável (digo atual no presente momento). Volto a trabalhar, do jeito como fazia antes, fazendo o que fazia antes.
Pra quem não entende me deixe explicar: durante 2 anos e meio tive uma bolsa na Universidade dando aulas no curso de línguas; fui professora de inglês. Saí porque a faculdade começou a exigir mais e o trabalho meio que “idem”. Saí a contragosto, porque não havia qualquer coisa que eu gostasse mais de fazer, mas obrigação é obrigação e cresci ouvindo que tinha que ser uma pessoa responsável – criei-me responsável. Desastrada e caraminholada vá lá, mas responsável principalmente. Aí gastei o semestre passado cumprindo as obrigações com praticamente 0,25g de paixão na mochila (essa paixão se denomina TCG). Nem falo do gosto pelo curso, sabe, tenho gosto pela minha área, mas esta exige muita seriedade, uma certa complexidade, por assim dizer; o que não era tããããããão necessário nas aulas que eu dava. Ainda dá pra arriscar dizer que a descontração no trabalho era a válvula de escape da correria séria da faculdade. Veja bem, na faculdade tenho amigos, divirto-me pacas, a gente ri horrores, há toda a cumplicidade – tem gente que é minha irmã dentro e fora de lá. Mas o trabalho, ah, ali é minha sala de estar com poltrona de couro, sistema de condicionamento de ar e som de blues (a sensação, deu pra sacar?). Todo mundo tem um meio de descarregar o estresse, o meu é aquele trabalho. Aquele e só aquele.
Coisas que a vida nos conta no pé do ouvido: tem dias de uma alegria que é difícil de ser derrubada, praticamente impossível. Aquela alegria que incomoda as outra pessoas por acharem que é tão grande que deve haver algo errado. Sou assim; passo uns tempos de molho, então quando vem uma alegria desesperada como essa, todo mundo estranha e fica botando carrapichos.
Pra quem não entende me deixe explicar: durante 2 anos e meio tive uma bolsa na Universidade dando aulas no curso de línguas; fui professora de inglês. Saí porque a faculdade começou a exigir mais e o trabalho meio que “idem”. Saí a contragosto, porque não havia qualquer coisa que eu gostasse mais de fazer, mas obrigação é obrigação e cresci ouvindo que tinha que ser uma pessoa responsável – criei-me responsável. Desastrada e caraminholada vá lá, mas responsável principalmente. Aí gastei o semestre passado cumprindo as obrigações com praticamente 0,25g de paixão na mochila (essa paixão se denomina TCG). Nem falo do gosto pelo curso, sabe, tenho gosto pela minha área, mas esta exige muita seriedade, uma certa complexidade, por assim dizer; o que não era tããããããão necessário nas aulas que eu dava. Ainda dá pra arriscar dizer que a descontração no trabalho era a válvula de escape da correria séria da faculdade. Veja bem, na faculdade tenho amigos, divirto-me pacas, a gente ri horrores, há toda a cumplicidade – tem gente que é minha irmã dentro e fora de lá. Mas o trabalho, ah, ali é minha sala de estar com poltrona de couro, sistema de condicionamento de ar e som de blues (a sensação, deu pra sacar?). Todo mundo tem um meio de descarregar o estresse, o meu é aquele trabalho. Aquele e só aquele.
Coisas que a vida nos conta no pé do ouvido: tem dias de uma alegria que é difícil de ser derrubada, praticamente impossível. Aquela alegria que incomoda as outra pessoas por acharem que é tão grande que deve haver algo errado. Sou assim; passo uns tempos de molho, então quando vem uma alegria desesperada como essa, todo mundo estranha e fica botando carrapichos.
De repente me chamam pra voltar porque a professora dos níveis em que eu costumava lecionar, que tinha ficado no meu lugar, viajou pros EUA e não tem outra – “eu tinha que voltar”. Entendeu? Tô formulando a necessidade de eu voltar, não que não haja outras pessoas, mas quis me fazer indispensável (entenda: ninguém é indispensável, nenhum posto é insubstituível, eu sou perfeitamente superável, assim como você – todos nós somos! Coisas que a vida ensina e que rendem ooooutra argumentação). Tipo, a minha necessidade era voltar. Então é isso.
Mãe: “nem me importa você ficar arrumando coisa pra se coçar de novo, viu?! Nem me importa”
Eu: “arrumo não, mainha, arrumo não. Ta tudo light, tudo belezinha, não vai haver problema algum!”
É chato ter que explicar tudo com palavras que são difíceis de explicar. Eles nunca entenderam o bem que isso me faz.
Opa, o faniquito da produtividade acabou de coçar. Dá licença, vou escrever. Aí deixo uma citação de um cara chamado André Comte-Sponville, professor da Universidade de Paris I(Panthéon-Sorbonne), cujo trabalho mais recente é Tratado do Desespero e da Beatitude, editado pela Martins Fontes:
"Nosso tempo seria o tempo do desespero. A morte de Deus, o perecimento das Igrejas, o fim das ideologias... Mas vejo nisso muito mais uma obra do cansaço. Por estarem decepcionados, crêem-se desesperados... Mas, se estivessem de fato desesperados, não estariam decepcionados. Nosso tempo não é o do desespero, mas o do desapontamento. Vivemos o tempo da decepção.
(...) Não há vida verdadeira senão sonhada.
A filosofia é a verdade desse sonho, e o sonho dessa verdade. Ela não impede de ser infeliz, pelo menos no caso dos aprendizes que somos. Não dispensa de sofrer. Mas pode nos ensinar a felicidade. Porque esta nunca é dada. A felicidade não se deve ao acaso nem é um presente do destino. Não é, por exemplo, a ausência de infelicidade, sua simples negação. A infelicidade é um fato; a felicidade não. A infelicidade é um estado, a felicidade não. No limite: a felicidade não existe. É necessário, portanto, inventá-la.
A felicidade não é uma coisa; é um pensamento. Não é um fato; é uma invenção. Não é um estado; é uma ação. Digamos a palavra: a felicidade é criação. Mas essa criação não cria nada fora dela mesma. É uma práxis, diria Aristóteles, e não uma poese. Viver é criar sem obra. A filosofia é a teoria dessa prática, que seria a própria felicidade, se pudéssemos ter êxito. Em todo caso, podemos tentar, pois o próprio Spinoza, "o mais íntegro de todos os sábios" (segundo Nietzsche), convida-nos a fazê-lo e nos acompanha nesse intento: "Embora o caminho que mostrei levar até lá pareça extremamente árduo, pelo menos podemos tomá-lo. Por certo, deve ser árduo o que é tão raramente encontrado. Como seria possível, se a salvação estivesse à mão e se pudéssemos percorrê-lo sem grande dificuldade, que fosse desprezado por quase todos? Mas tudo o que é belo é difícil, tanto quanto raro."
Mãe: “nem me importa você ficar arrumando coisa pra se coçar de novo, viu?! Nem me importa”
Eu: “arrumo não, mainha, arrumo não. Ta tudo light, tudo belezinha, não vai haver problema algum!”
É chato ter que explicar tudo com palavras que são difíceis de explicar. Eles nunca entenderam o bem que isso me faz.
Opa, o faniquito da produtividade acabou de coçar. Dá licença, vou escrever. Aí deixo uma citação de um cara chamado André Comte-Sponville, professor da Universidade de Paris I(Panthéon-Sorbonne), cujo trabalho mais recente é Tratado do Desespero e da Beatitude, editado pela Martins Fontes:
"Nosso tempo seria o tempo do desespero. A morte de Deus, o perecimento das Igrejas, o fim das ideologias... Mas vejo nisso muito mais uma obra do cansaço. Por estarem decepcionados, crêem-se desesperados... Mas, se estivessem de fato desesperados, não estariam decepcionados. Nosso tempo não é o do desespero, mas o do desapontamento. Vivemos o tempo da decepção.
(...) Não há vida verdadeira senão sonhada.
A filosofia é a verdade desse sonho, e o sonho dessa verdade. Ela não impede de ser infeliz, pelo menos no caso dos aprendizes que somos. Não dispensa de sofrer. Mas pode nos ensinar a felicidade. Porque esta nunca é dada. A felicidade não se deve ao acaso nem é um presente do destino. Não é, por exemplo, a ausência de infelicidade, sua simples negação. A infelicidade é um fato; a felicidade não. A infelicidade é um estado, a felicidade não. No limite: a felicidade não existe. É necessário, portanto, inventá-la.
A felicidade não é uma coisa; é um pensamento. Não é um fato; é uma invenção. Não é um estado; é uma ação. Digamos a palavra: a felicidade é criação. Mas essa criação não cria nada fora dela mesma. É uma práxis, diria Aristóteles, e não uma poese. Viver é criar sem obra. A filosofia é a teoria dessa prática, que seria a própria felicidade, se pudéssemos ter êxito. Em todo caso, podemos tentar, pois o próprio Spinoza, "o mais íntegro de todos os sábios" (segundo Nietzsche), convida-nos a fazê-lo e nos acompanha nesse intento: "Embora o caminho que mostrei levar até lá pareça extremamente árduo, pelo menos podemos tomá-lo. Por certo, deve ser árduo o que é tão raramente encontrado. Como seria possível, se a salvação estivesse à mão e se pudéssemos percorrê-lo sem grande dificuldade, que fosse desprezado por quase todos? Mas tudo o que é belo é difícil, tanto quanto raro."
Comentários
Sim, Caio escreveu "fode", ele não era o que podemos dizer de um escritor com papas na lingua, mas no caso, o livro é Cartas, uma coletânea de cartas que Caio escreveu na sua vida, a familiares, amigos, famosos, anonimos... e a carta de onde tirei a citação foi escrita a Maria Adelaide do Amaral, onde ele comentava a peça de mesma "de braços aberto"
Beijos
o meu adorado estágio não me pagou esse mes q eu tinha uma fatura de cartão de crédito correspondente ao valor da bolsa e me fez o desfavor de aumentar minha carga horária em 2 horas...
to mais feliz aqui n
hehehe