Não são meus. Não fui eu que fiz. Mas gosto muito.

all you need is love.

Eu tenho uma hora para escrever um texto e visitar pessoas até andar trezentos metros pegar meu carro e rezar para que você esteja em casa suado de bermuda e camiseta porque agora eu gosto de camiseta e sei que você vai odiar meu único período sem vírgulas sem ponto sem pistas e te pedir carinho porque na hora do almoço eu escrevi algo bonito pra você e não fui retribuída do jeito que você sabe que eu gosto mas não sabe quando eu quero e não quer me pedir para que queira dá certo meu bem você não sabe que quando o teu nariz exala o cheiro perto do meu eriça os pêlos e a minha pele pede suplica roga exclama espera implora tua boca na minha boca e a minha na tua língua e o beijo que eu aprendi que é para sempre uma das maiores lembranças de contar para o filho que é o teu desejo antes de mim mas o meu é você antes dele antes dos planos antes da mais pura certeza que você nunca vai ter mas há de gostar e querer frutas no café da manhã meu querido espere a hora que eu chegar para ficar na sala sentindo sua transpiração porque eu passo pela marginal do rio me encantando com a imagem do seu sorriso quando eu apareço tá meu coração teve a sorte de uma linha reta que me leva até você na velocidade que eu gosto no silêncio que me embala nas cores das luzes artificialmente forçadas eu duvido que apareça alguém da mesma cor ou de outra cor mas com o brilho do olho nas fotos de sempre duvido que outra se deleite nos braços derretendo sua solidez com o rubor do sentimento e o cor de rosa do bico duvido que alguém te descreva em signos como eu faço dono ouça perceba e não me implore para ficar porque o faço de peito cheio de peito vivo pulsante vibrante sonoro esperto hoje e amanhã e se soubesse até ontem quando minha vida era preto e branco sem as tuas pinceladas não quero ser a repetição do que já foi hão de haver versos e palavras novas mas a repetição do que vai ser bem aqui bem do lado de fora que é o nosso lado de dentro você me deixar penetrar nas tuas veias porque fora dela é tudo complexo cheio de vícios e eu ainda tenho meia hora até me fazer sentir todas as palavras jogadas no chão do nosso encontro que parece que foi feito especialmente para isso encontrar você estou indo beijo.

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Eu desejo que você seja do tamanho que eu gosto, do tamanho que posso, do tamanho que eu quero, do tamanho que me sufoca, me prende, depois solta, do tamanho que preenche aquele que até agora me parece incorpóreo. Eu desejo ser do seu tamanho e do tamanho do seu pensamento, do seu peso, da sua vontade, da sua mão que me pega e me molda do tamanho que eu devo ser. Eu desejo ser do tamanho que você sonhou e até maior do que você sonhou, mais do que você já teve. Eu desejo ser do tamanho da luz que não ofusca, do beijo que não termina, do prazer da manhã, da cor da música que você ouve. Eu desejo não ser o bastante, mas querer ser todo dia o máximo, o extremo, o absurdo, o líquido que faz percurso, diariamente, no seu corpo. Eu desejo dar de mim, fazer de mim, gostar de mim, do tamanho que eu posso e até do que eu não posso. Poder, comigo, para ti, é questão de tempo. Eu desejo conjugar os verbos em todos os tempos e todos os modos e em todas as suas saliências e dizer palavras que não caibam em mim. Eu desejo caber em ti, na tua voz, no sorriso da noite, na pele, no suor, nas tuas entranhas, textura e pêlos. Eu desejo que você caiba em mim e no meu desejo e no que ele me proporciona e nas minhas tardes intermináveis de domingo. Eu desejo que você me encontre e eu te encontre, no tamanho do mundo que é fusão de nós.
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Eu gosto do meu mundo do tamanho que ele é. Não é grande, nem pesado. Meu mundo é fluído e fofo. Tem o formato que eu gosto, a extensão que eu acho que preciso. Dele fazem parte as pessoas que conheci em toda a superfície terrestre, as pessoas ecléticas da editora, a família que me acolheu quando vim ao mundo pela qüinquagésima terceira vez e meia dúzia de gatos pingados que fui catando na rua. Meu mundo tem as cores que eu vejo, são poucas. Na maioria dos dias ele está preto e branco, acho chique, forte, poético. O céu oscila entre o azul de roupa de bebê e o preto com pontinhos cintilantes. Mas já foi cinza, já foi laranja, já foi branco, não quero mais. Não fazem parte do meu mundo os animais, irracionais. Não fazem parte também, os colegas de trabalho. Do meu mundo dou as coordenadas para aquele colega do mundo alheio, quando ele me pede. As fronteiras do meu mundo foram invadidas várias vezes, o que não o torna grande, porém apertado. Aqui conheço meus esconderijos secretos e as multi-facetas do meu eu. São pouco mais de duzentos eu por metro quadrado dividindo o quarto com amigos e intimidade com inimigos. Meu mundo não se encerra nos limites do país, Brasil. Já fui em quase todo ele, mas nunca fui, assim, de corpo presente, além. Aqui eu tenho cura para todas as doenças, nas plantas do quintal. Aqui num dia chove pétalas e noutro mel, mas todos os dias chove, nem que seja por cinco segundos. Às vezes faço chover mais cedo para que eu veja um arco-íris atrás do pé de manga, é uma das melhores paisagens da semana. Meu mundo tem de tudo! Tem vendedor de algodão doce no meio da rua, tem bonecas falantes, tem pote de ouro, duende, tem luz no fim do túnel, trem fantasma, papai Noel no fim do ano, meninas pulando corda na calçada de casa e sereias na praia. O tempo aqui passa mais rápido, as cores não desbotam e o cabelo cresce. Meu mundo tem pele mista e hormônios controlados. Ainda faltam as minhas crianças, um anel dourado e uma casinha simples, perto do rio. Meu mundo é quase completo, sem você.