Mp4 de vinil

Não sei quanto a todas as outras pessoas do mundo, mas sempre tive uma coisa de de repente lembrar de uma música que gostei a um tempo atrás, “regosto”, jogo ela no player mais uma, e outra, e outra, e outra, e outra e mais um monte de outras vezes, e ouço o resto do disco, pego outras músicas antigas (antigas mesmo, tipo, anos 60, 70...) e ficam ali por, no mínimo, duas semanas com louvor. A mais nova (ou mais velha) é Beatles... há um tempo eu delirava em casa ouvindo o vinil e “I wanna hold your hand”. Você imagina a cena: a criança com 12 anos pirando na sala, pulando, rodando, cantando e gritando de olhos fechados... é “A” cena... nem eu consigo imaginar – pois é, meu pai disse que eu fazia isso – e vagamente consigo lembrar do mundo rodando, se bem que ver o mundo rodando nem é tão difícil pra mim, enfim... “I wanna hold your hand” era o ápice da diversão fonográfica, era (quase) o nirvana!
Pois bem, 10 anos depois, encontro-me no meu quarto fazendo a mesma coisa... gritando até o “ooowwww” do meio da música, desde o versinho “oow, yeah, I’ll tell ya something, I think you’ll understand...” e todo o resto blábláblá e começo a rir porque depois de velha e que compreendia aquelas palavras que quando pequena soltava sem sentido, soube que o cara tinha as piores intenções... ele diz que “quando disser aquela coisa” ele quer segurar a mão dela.. dá pra ver?! Sempre tive o friozinho na barriga com músicas nos discos de vinil... aquele ruído parece uma vozinha começando comigo... sem noção de como fico abobalhada quando escuto uma música que gosto, pareço doida, mesmo! E as férias não poderiam ter sido melhores se eu não tivesse pego tantas músicas antigas intercaladas com novas... a fixação da semana é “Strawberry Fileds Forever”, talvez mais viajante que “Lucy in the Sky with Diamonds” mas talvez tão hipnotizante quanto... é dela aquela frase que todo mundo tem colocado no orkut, que todo mundo já leu em algum lugar: “living is easy with eyes closed (viver é fácil, de olhos fechados)”. Compreensível eu gostar dela.
Então peguei Queen, Madonna (as antigonas... à la Holiday), Janis Joplin (mais! Mais! Mais! Janis nunca é demais), constatei que nunca vou conseguir ter todas dos Beatles (e a ambição persiste), albuns novos (até os que ganharam grammys recentemente), pop dos enlatados meeesmo, comerciais, peguei clássicos, música de conteúdo, música sem conteúdo, só pra ter o gostinho de rodar pulando e cantando de olhos fechados no meu quarto do jeito como fazia quando tinha 12 anos e meu pai adorava colocar os vinis dele bem alto na vitrola, na sala. Freud nunca foi tão útil a explicação do comportamento humano. Mas o vício da música justifica tudo, até passar férias resumidamente improdutivas academicamente falando, mas psicologicamente, “humoralmente”, humanamente e pessoalmente, as mais frutíferas, as mais renovadoras. Parabéns ao meu mp4, fruto do século XXI, filho da tecnologia, belamente horrível esteticamente, mas bem, acho que ele tem alma porque consegue com uma inigualável desenvoltura, suportar juntos, Beatles, Pink, Justin Timberlake, Trilha sonora de Grease e Kill Bill, música eletrônica, Joss Stone, Janis Joplin, Norah Jones e Corinne Bailey Rae... os melhores duetos que a modernidade poderia produzir. Satisfeita? Eu? As aulas não poderiam voltar melhores.


Special thanks pro Coelho Branco que me trouxe uma iguaria do Mundo das Maravilhas essa semana, aos Muntchkins que estiveram comigo o mês inteiro, que apesar dos óculos verdes, me permitiram ver coloridos os ares aparentemente parados, ao Oz que me faz enxergar nos meus defeitos as melhores formas de achar as qualidades... quase tinha esquecido como é bom dormir de verdade por mais de 5 horas ininterruptas...

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