Do machismo e das necessidades

Uma das minhas primeiras decepções com a humanidade foi quando alguém me disse que “homens têm necessidades”. Papo machista para intenções machistas. Machismo é prerrogativa das intenções egoístas. Sério! Na hora que nos convém sermos egoístas, apelamos pro discurso machista. Não falo nas “necessidades masculinas”, mas em necessidades. O segredo é usar o radical do discurso machista.
No dia em que descobri que mulheres [também] têm necessidades, resolvi que não precisava jogar isso na cara de todo brucutu que viesse com esse discursinho peba para reforçar ou justificar sua pseudoinfidelidade. As convenções sociais avisa(ra)m às portadoras de útero que sua função seria receber, esperar, aceitar e reproduzir.
A capacidade delas de se sugestionar até com o vento que passa faz com que concluam que o prazer pode ser autogerado, perpetuado e sacramentado. E ainda dizem que é ruim ser mulher. Muito bom! É muito bom! A fisiologia, a sensibilidade e a anatomia nos permitem algumas regalias, convenhamos.
[Got a secret. Can you keep it? Better lock it in your pocket, taking this one to the grave… Two can keep a secret if one of them is dead]

Fulana: “Eu quero ter filho entre os 28 e os 35”
Cicrana: “Eu também, porque tem aquela estabilidade, né”
Beltrana: “Como se a gente pudesse ter filho sozinha... vem cá, vocês não precisam de espermatozóides pra fecundar seus óvulos, não? Porque eu preciso...”
Cicrana: “Amiga, não é só questão de fecundar, tem que encontrar quem crie com a gente...”

Pelo menos os planos a gente faz... ;P

Havia resolvido não me decepcionar mais com os homens, começando pelo envolvimento com eles, claro (ia virar vitalina...) até que alguém entrou na minha vida e me ensinou que esse machismo é uma questão de referencial (rsrsrsr). Sem os comentários possessivos, sem as conversas sexuais machistas e desrespeitosas. Os erros, as faltas, os esquecimentos vêm com o tempo, até porque algumas coisas mudam e podemos perceber as nuances, claro – nunca pedi ninguém perfeito a Papai do Céu, assim como eu também não o sou. Entrementes, o erro pressupõe as faltas e as faltas requerem reposições e reconstruções. Se não há respeito, não há nada.
Melhor parte da feminilidade: as horas livres para se arrumar, ou não... acompanhada ou não, com vinho, chocolate e música.