Meu tipo certo



Posso não ser o tipo certo de um monte de jeitos e em um monte de tipos de gostos... e os meus gostos podem nem ser de todo o tipo de gente com todos os tipos de preferências. Nem tento ser tão diferente (porque todo mundo está sempre tentando ser diferente, e fica tudo igual... diferentemente igual), às vezes tento me misturar, e acabo sendo igual a éter, volatilizo, sabe, sssshhhhhiiiiiuuuuup!, no ar – vôo, mesmo.

O meu tipo de pessoa me poupa de volatilizar meu humor toda hora. É aquele tipo que faz com que eu tenha certeza de que não preciso ser diferente e me faz ter vergonha de fazer as coisas em que realmente boa, ao mesmo tempo em que me faz acreditar que sou tão diferente que não precisaria me esforçar para explicar muitas coisas. Faz eu me sentir tão idiota ao ponto de achar que falar qualquer coisa é estúpido. O meu tipo, o meu melhor tipo de pessoa me faz sentir boba.

Sabe, sempre tive muito medo da facilidade de mudança das pessoas. O tipo de pessoa que me agrada muito faz com que eu tenha certeza de que não vai mudar, e me deixa com borboletas no estômago só em pensar que um dia tudo possa ser diferente. O meu tipo de pessoa não adora todas as músicas que eu amo, e nem eu às dele, mas ele me deixa ouvir e quer conhecer quando eu falo sobre as mais novas... e eu vivo tentando gostar das dele. O meu tipo de pessoa compreende que eu aceito quase tudo na vida como relativo, e comigo, aprendeu que certo e errado é questão de ponto de vista e que liberdade e felicidade podem ou não caminhar juntas. Ele não diz toda hora em que eu estou errada que estou errada, porque sabe que isso me irrita por demais, até porque “errado” e “certo” são palavras que eu uso muito pouco.

O tipo certo de pessoa percebe quando tenho alguma coisa para falar ou preocupando, mesmo quando eu tento esconder. O meu tipo certo de pessoa parece ter muito mais estabilidade mental do que qualquer pessoa na sua idade, tanta que às vezes me preocupa – e volta aquela coisa do medo que eu tenho de que tudo mude, ou que, bate na boca, seja tudo mentira. Porque eu não quero que mude. Sabe, às vezes me sinto pouco, sinceramente. Aí depois não sinto mais.

Ele aceita que eu seja tão menos expressiva quanto ao que eu quero mesmo dizer. “Algumas coisas não precisam ser ditas”, embora devam. O meu melhor tipo certo de pessoa senta comigo em banquinhos de praças e ficamos conversando horas sobre coisas tão banais que a gente acha graça de tanta infantilidade junta: “quantos anos você tem?”. Ele vê filmes comigo, come comigo, anda comigo, ri comigo, e não se estressa comigo.

Quando passo a mão no sofá do meu lado e o meu melhor tipo de pessoa não está lá, lembro de um monte de coisas que deveria ter dito na hora de ir embora, e sinto vontade de comer para ver se compensa a falta – ver se preenche o espaço vazio. Meu tipo de pessoa escreve com letra feia, fala mal da minha, mas adora ler as minhas cartinhas (mas quem não gosta de cartas?).

No começo eu nem achava que existiam tipos certos, até porque aprendi com o tempo que o tipo certo requer prática para ser o tipo certo. E eu nunca saberia como o meu tipo certo de pessoa me descreveria, de tão absorta que estou sempre reconhecendo os pequenos divinos detalhes... talvez até porque nem eu mesma me saiba...

Comentários

She Python disse…
tô indo viajar já volto... já volto aqui... sou famraCêutica... me lembra de coltar aqui por favor... esqueci os faremos de pão!!!! mas eu volto quero voltar com tempo...
She Python disse…
tô indo viajar já volto... já volto aqui... sou famraCêutica... me lembra de coltar aqui por favor... esqueci os faremos de pão!!!! mas eu volto quero voltar com tempo...

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