Um experimento criativo ou projeto chamado A Casa dos Trinta
Quando era menina pensava que haveria o dia e a hora em que saberia
Que seria ali o determinado momento em que
EU me amaria
Passou a casa adolescência e eu não sabia quem era, porque precisava cumprir.
Passou a casa dos vinte, porque lá eu estava cumprindo e exercendo
Com os olhos lá no horizonte, no que estava plantando
Na casa dos trinta tenho me encontrado me buscando pelos quartos e corredores de mim e já quase na porta do muro de trás, olho para fora, a outra perspectiva, a próxima casa conjugada, a dos 40.
Achava que onde estou seria satisfeita, feliz, preenchida, teria um olhar satisfeito sobre o corpo.
Não é bem o caso, embora o que está dentro goste do que vê, aprecie o que preenche a alma.
O aprender a se querer é até doloroso.
É um se querer não-diário
É um querer sumir de si para conseguir ter a constância, a disciplina, o desprendimento, o autoperdão - só para SER
Na casa dos trinta aprendi que tenho que me respeitar e conheci o eu-mulher que quereria para mim mesma.
Gostando de todas as personas que poderia ser, esta que escolhi ser perene me causa inseguranças.
Mas ela parece saber onde vai, o que fala.
Ela gosta da carta da Temperança.
Tanto aparece que é o que ela mais faz em tudo - ponderar.
A EU da casa dos trinta é tantas.
Espero que na casa dos quarenta o gozo de se ser surja, assim, como a Fera Ferida, de Maria Bethânia.
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