Algumas observações de quinta pela manhã

Quando eu era pequena queria ser professora. Cresci dizendo que ia ser médica. Virei enfermeira, não consigo me imaginar de outra forma - pelo menos efetivamente, porque posso me imaginar de várias formas e dando certo de vários jeitos diferentes, e estou sendo professora. Com todos os louros da dignidade e gosto pelo academicismo.
Ainda acho que deveríamos pagar Português Instrumental em todos os cursos universitários. Sim, tenho a mente velha. Ainda acho que as universidades estimulam muito pouco as manifestações artístico-culturais e despertam pouco o gosto pela pesquisa e, sobretudo, a leitura nos alunos. Não que seja uma atribuição exclusiva da Academia, porque leitura é hábito, mas toda pesquisa começa pelo interesse.
Tenho um tio revoltado porque fiquei em enfermagem e estou sendo professora (porque todo mundo da geração anterior é professor, na minha família) e tem uma filha que também o quer. Como satisfação e sucesso é uma questão de referencial, fico calada.
Se antes era inimaginável estabelecer metas, agora dá para ajeitar umas pequenas coisas, espanar umas poeirazinhas e retomar planos antigos.
Ainda acho que as revoluções podem começar pelo silêncio e terminar pelas palavras e que nem tudo que é lindo por fora tem o cerne rico e repleto de boas intenções. Porque uma simples fala muda todo um contexto e pode turbilhonar as idéias.