Não se assuste. As perguntas são pra doer, mesmo.
São tantos os dias passados, tanta intimidade com o espaço físico de casa que a gente se questiona quando ou por que nasceram todas as escolhas que nos trouxeram até aqui. Olhando naquele panorama "cósmico", tudo parece tão pequeno. Olhando pelo prisma da crença até a fé está parecendo insuficiente.
Sensação de aperto, de paredes fechando. De pessoas morrendo. De impotência. Se não é pelo vírus, é violência, é câncer. Tanta névoa na mente e na vista. Quantas vistas turvas a ponto de não saber discernir o caminho mais coerente.
Tantas pessoas.
Tanto direcionamento errado.
Se olhar nas páginas da História são muitos os episódios que deveriam servir de norte.
A bússola parece que está quebrada.
E tem muito que desconhecemos. Tanto.
E a gente busca um sentido no caos, mas até o Leste é difícil encontrar. A Terra gira mas a gente nem sabe mais a direção na prática. Muita gente perdeu seu chão, seu rumo, sua vida, seu amor.
As perdas nos cegam a ponto de nem sabermos de onde vem o amanhã, pra gente saber esperar, feito estação de trem. Tem a estação. Mas não tem trilhos.
[Mande notícias do mundo de lá, diz quem fica. Me dê um abraço, venha me apertar, tô chegando. Coisa que gosto é poder partir sem ter planos. Melhor ainda é poder voltar quando quero]
Não fique sem pensar qual era o seu antes e por que você se escolheu. Acho que é o tipo de reflexão contínua que tira a gente da ideia de achar que pode querer partir. Nada é mais sufocante achar que se está preso(a) quando tudo isto pode ter sido exatamente o que pedimos. Antes.
Eu queria saber. Você não? Porque aí a gente saberia se pode escolher. Mas eu queria notícias.
Eu queria um fim. Da pandemia? Não sei. Mas com certeza da dor.
No final talvez a gente entenda que a grande alegria seja tão somente estar vivo.
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