Um monte de pensamentos soltos, ou Há uma ligação entre tudo isso.
Há sempre alternativas - mesmo quando achamos que a vida força a gente a pisar na linha entre um quadrado e outro do piso da calçada quando estamos andando prestando toda a atenção para não bagunçar todas as forças universais que mantêm a Terra em sua órbita e o campo magnético do planeta. As alternativas que lhe foram ofertadas hoje são consequências de escolhas que você fez há uns cinco anos atrás, por exemplo. Particularmente eu tento guardar os descontentamentos das minhas escolhas malfeitas pra mim mesma, até que tem semanas que estou engolindo todas as escolhas da minha vida ao mesmo tempo - igual a comida ruim que você tem que mastigar e fingir que está gostando e fica inchando dentro da boca, sabe?
Aí vem uns dias que temos mesmo vontade de sumir - e acabamos sumindo de nós mesmos. E quanto mais nos esforçamos, mais o bolo dentro da boca incha.
Estava aqui pensando: com que frequência as pessoas se olham no espelho e se sentem convictas de sua beleza? Ou a frequência hoje em dia de a pessoa se sentir mais pra baixo, ou menos interessante é maior a cada dia que passa? Eu não sei pra onde o mundo está indo. Mas quando eu pisei na linha do quadrado do piso hoje, tive a certeza de que a semana começou me sacudindo de um lado pra outro que minha cabeça quase explodiu de tanto que os macaquinhos se mexeram aqui dentro. Arrisco dizer que ouvi trovões, ou foram os carros na rua. O calor poderia estar enorme, mas senti frio - porque a solidão parecia mais palpável naquela hora. Se você liga a televisão não tem nada que faça você acreditar que o mundo não está rotacionando no sentido contrário. Ora, há aviões sumindo no nada, há rumores de guerra, há direitos humanos para homicidas e nenhum direito, sequer humanidade
ou segurança para quem sai de casa querendo trazer comida pra casa. Há gente andando sem rumo nas ruas e tem gente que procura um rumo a vida inteira e não consegue nem encontrar o caminho de volta pra casa - de repente porque nenhum lugar neste mundo seja realmente um lar a não ser o coração de outra pessoa. Não sei. Estou falando aqui ao vento porque tem muita coisa solta que não consigo ligar, nem costurar. Talvez só soltando possa ajudar em alguma coisa, igual a pipa - que eu nunca soube soltar. Não que eu quisesse. Sempre tive medo de me machucar com brincadeiras aparentemente inocentes. Agora me diga você: quantas vezes você pulou na vida sem medo de se machucar? Você ao menos pulou? Não que eu tenha pulado, ou que eu vá pular, porque eu sou feita de medo - das mudanças, dos riscos, dos saltos. Só queria saber como é pra você.
Sabe os riscos? Então, nunca gostei de passar por eles. Por isso que o chão é sempre a alternativa mais segura. Nunca gostei de voar. E talvez nunca venha a gostar. E se me dessem um relógio, um lápis com caderno, sapatos ou roupas novas, eu sempre preferiria o lápis com caderno. Ora, são alternativas. Sempre escolhi o mais seguro, mesmo sabendo que as alternativas podem ser exploradas, que se pode pular com pára-quedas, que se pode mudar de lugar e continuar sempre a mesma. Talvez seja mesmo a dificuldade dos que se buscam - saber que se pode ser um lugar no mundo, independente de onde esteja.
Amanhã é um outro dia, para outros quadrados e outros cuidados para não pisar na linha.
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