Sic et simpliciter

Em tão pouco tempo tanta coisa muda, sem que ao menos mudemos de lugar. Sem que ao menos mudemos de opinião acerca de inúmeras coisas, num inominável arrebatamento. E de repente nos vemos assim, cheios de nós, belos de alegria, de satisfação. Não por nós, mas por quem é por nós.

Da satisfação de alcançar metas que antes eram impensáveis e muito mais - de ver o brilho no olhar de quem nos completa. De sentir o abraço das pessoas mais queridas. De, de longe, sentir mesmo assim o calor de quem queria estar perto.

Parece que depois de algum tempo, de tanta luta interior, consigo bater no peito e dizer, sem hesitação, que estou feliz e que encontrei o que pensei que iria procurar a vida inteira. E que tenho me flagrado incontáveis vezes repetindo "obrigada, meu Deus, obrigada, meu Deus, graças e louvores, Senhor".

Tantas vezes, meu Deus, fui dormir chorando, perguntando se havia um caminho a seguir, se eu estava fazendo tudo errado, ou se eu mesma era tão incompleta ou errada, não completasse a vida de ninguém, além de não completar a mim mesma.

Dentre todas as cartas do baralho não sei quem sou; continuarei a procurar sempre. Sei que não sou facilmente irritável, mas quando incomodada, não me contenho - nunca fui ensinada. Nunca fui ensinada a conversar, mas aprendi. Aprendi com meu irmão a ser simpática - e talvez ele mesmo tenha sido o melhor professor para a vida, pelo menos para a minha.

Não me ensinaram a amar. Talvez por isso tenha achado por tanto tempo que as coisas /pessoas partem e devemos nos conformar por isso. Mas isso é mentira. Fomos feitos para durar, uns com os outros, o máximo de tempo possível, e lutar ao máximo para que fiquemos juntos. E quando teimamos, estamos dançando com as forças inevitáveis da vida. Ela sempre mostra que é mais forte, contudo nós, sagazes, mostramos que nos divertimos mais - porque sofremos mais e aprendemos a valorizar os souvenirs das bem-aventuranças, as simples. Ela se ri de nossas pelejas - e só.

Post de linha de série. Continua.