Viver é irônco
Tem gente que faz acontecer, e tem gente que faz e acontece por si só. Alguns desafortunados passam a vida inteira e só acontecem por obrigação das forças de rotação de galáxias e planetas (e nem falo de Macabéa).
Acredito em sorte, mas não muito em destino. Seria muito cruel existir em algum lugar, alguém que já soubesse como minha vida acabaria, ou em que resultariam minhas ações. Como funciona “tomar as decisões por si só” se as conseqüências são já sabidas? Assim, até as decisões foram pré-determinadas. Veja bem... sou uma pessoa com convicções religiosas, espirituais e talz, como também acredito em livre arbítrio – uma coisa não exclui a outra ;)
E tem gente que passa a vida inteira e nunca pensa nisso, enquanto alguns infelizes perdem noites de sono com pensamentos tão etéreos.
[people are strange]
Como com relação a uma doença que não se quer descobrir que se tem. Se no início dos sintomas você reconhece algum tipo de gravidade e resolve não procurar ajuda médica porque ainda não é insuportável, com o tempo você tem, não vergonha, mas medo de que o seu receio se confirme e o sofrimento do tratamento se concretize. Corrijo-me – há a vergonha também. Algumas doenças são acompanhadas pelo preconceito social desde sua gênese (genesis, mesmo, quando Deus achou que a luz era boa e continuou criando até que apareceu o homem e suas imperfeições – tudo por causa de Prometeu e Epimeteu. Tudo faz sentido agora!), mesmo existindo desde o início dos tempos, mas ao longo da História tratadas como novidades em termos de risco à raça humana. Algumas conseguem “escapar” do estigma, como a lepra, que com o tempo, avançar da medicina, tratamentos, processos "investigatórios" em saúde, passou a ser a hanseníase – a mudança de nome deixou de lado - um pouco - o peso sócio-cultural-religioso do problema de saúde. É paradoxal como a “saúde” (setor saúde) se tornou sinônimo de sofrimento e doença, senão morte.
[people are strange]
Como com relação a uma doença que não se quer descobrir que se tem. Se no início dos sintomas você reconhece algum tipo de gravidade e resolve não procurar ajuda médica porque ainda não é insuportável, com o tempo você tem, não vergonha, mas medo de que o seu receio se confirme e o sofrimento do tratamento se concretize. Corrijo-me – há a vergonha também. Algumas doenças são acompanhadas pelo preconceito social desde sua gênese (genesis, mesmo, quando Deus achou que a luz era boa e continuou criando até que apareceu o homem e suas imperfeições – tudo por causa de Prometeu e Epimeteu. Tudo faz sentido agora!), mesmo existindo desde o início dos tempos, mas ao longo da História tratadas como novidades em termos de risco à raça humana. Algumas conseguem “escapar” do estigma, como a lepra, que com o tempo, avançar da medicina, tratamentos, processos "investigatórios" em saúde, passou a ser a hanseníase – a mudança de nome deixou de lado - um pouco - o peso sócio-cultural-religioso do problema de saúde. É paradoxal como a “saúde” (setor saúde) se tornou sinônimo de sofrimento e doença, senão morte.
Se já não tivesse conhecido doenças crônico-degenerativas, auto-imunes e afins, teria surtado quando um professor falou na aula de Biologia, no cursinho, há uns 4 ou 5 anos atrás, que o câncer (nome que algumas pessoas têm até medo de mencionar) é o jeito mais natural que o próprio organismo encontra para “morrer por si só”. É auto-gerado, tipo, a própria constituição orgânica desenvolve certas disfunções e, os sistemas responsáveis pela estabilização do corpo encontram meios de remediar essas disfunções, mesmo que desencadeando sucessivas degenerações – tudo para que aquelas disfunções iniciais não possam trazer grandes déficits ao indivíduo (o que, no final de todas as contas, regras de três simples, complexas, avaliadas, realizadas, transformadas em matrizes, derivadas e trazidas para a geometria analítica, vai, sim, resultar em debilidade física e emocional à pessoa), de uma certa forma, até que todo o processo culminaria em morte, ainda que dolorosa. Daí que viver é um processo irônico.
Irônico porque desde o próprio nascimento (senão da fecundação) já se começa a morrer. Nesse exato momento, um sem-número de células no seu corpo estão morrendo, umas realizam autólise, outras nascem e produzem outras, enquanto fungos e bactérias também alcançam a dádiva da vida em sua boca, órgãos genitais, estômago, intestino, e por aí vai – tudo isso para que você viva.
Irônico porque desde o próprio nascimento (senão da fecundação) já se começa a morrer. Nesse exato momento, um sem-número de células no seu corpo estão morrendo, umas realizam autólise, outras nascem e produzem outras, enquanto fungos e bactérias também alcançam a dádiva da vida em sua boca, órgãos genitais, estômago, intestino, e por aí vai – tudo isso para que você viva.
Nada de mais, só para voltar ao assunto inicial, quando tanta gente acontece fazendo acontecer, enquanto alguns estão perdendo a chance de fazer uma refeição, a capacidade de abrir os olhos, a boca, perdendo o controle dos esfíncteres, menos a capacidade de pensar. Pensar deveria ser a primeira coisa que se perderia, porque urubu vive pela morte de outrem. Eu, pelo menos, não quereria ser o sonho de vida de um urubu, ou se fosse, quereria não morrer pensando...
Comentários
Mas não pense que não li. Li tudinho, só não consigo elaborar um bom comentário sobre essa coisa toda de vida gerar morte e morte alimentar a vida e autodestruição. Mas entendi e foi um bom texto. A minha opinião pode vir amanhã pela manhã.
=)
;*
P.S.: E no blog tem outros posts pra quem não é da UFPI, gata! Não que você vá entender muito mais que aquele, mas são opções, né? Ultimamente tenho escrito muito sobre um universo restrito... afinal, é só o que tenho vivido! Shit!
Essa coisa de livre arbítrio já foi muito mais do que discutida, o que nem de longe nos leva a uma solução da questão...
Einstein disse:"Deus não joga dados".Particularmente,acredito nisso, mas como dito no início do comentário,essa afirmação pode ter muuuitas vertentes...
Existem pessoas que dedicam suas vidas a causas aparentemente sem solução...Nessas, se Niestze tivesse uma idéia muiiito diferente da sua "de que não é justo que já tenhamos um destino pré definido",ele não teria entrado em uma depressão tão forte que o fez perder o gosto pela vida...
Na verdade...isso não resolve a questão,esse comentário não remete a uma solução,o que tambem não quer dizer,que porque acreditamos em algo ,que isso seja verdade(verdade relativa,não é necessariamente absoluta).
Todavia,se vai ser algo que nos fará sentir melhor,então já tá valendo...
:****
prefiro pensar é que a gente tá vivendo.
ou melhor: que a gente deve viver.
beijos
Que vc tenha uma ótima semana!
Beijos,
Paulinha
http://booperfly.fairy-tales.com.br/
Mas olha, eu parei de me questionar sobre a vida, sobre suas vertentes, parametros e etc etc
E ao inves de achar que a cada dia q eu vivo é um passo pra morte eu penso que cada dia é unico
Vivendo intensamente ate onde eu puder
;o)
muito bom o seu texto, bem fundamentado, bem articulado
uma viagem...