PARTE II, segunda metade da laranja

Quero agradecer aos amigos que, no fim de semana votaram em mim no www.behindthemessage.blogspot.com . Eles me indicaram (sem que eu nunca soubesse) ao prêmio que estão desenvolvendo (meramente honorificamente, mas muito legal, principalmente pela intenção de estímulo à leitura de blogs alheios), daí que meu nominho lá apareceu como um dos indicados a melhor blog de interesse cultural e lúdico, Uh! Quem diria! Logo o meu bloquinho de notas, que mantenho como terapia paralela ao lançamento de copos de vidro no muro... Adorei! Se você, pessoa, que acompanha o Foi Mia Quem Disse tiver a curiosidade de saber como é a resenha, vai lá e vê os indicados... dá uma passadinha nos outros blogs que são muito interessantes também e vota no que mais gostar lá nos comentários, ou indica algum outro!

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PARTE II - a segunda metade da laranja

A incapacidade de se concentrar em coisas aparentemente importantes se manifesta quando a pessoa tem um abarrotamento de coisas na cabeça. Não cabe mais nada em parcelas grandes, aí o cérebro se encarrega de ir guardando flashes de coisas coloridas, iluminadas, gostosas, bonitas, sons interessantes, pedacinhos de pessoas, lembrancinhas de lugares, souvenirs das melhores paixões. É o período da euforia. É o lado bom, encantador, animador.

A pessoa tem planos até para a fronha do travesseiro, pode tudo, sente-se a pessoa mais fantástica que possa ser (e se sente especial porque de certo modo as pessoas a tratam como tal). Os valores não mudam, são os mesmos, o conhecimento de mundo continua o mesmo; a diferença é que se podem encontrar as melhores formas de resolver o que tiver para fazer. Tem vontade de fazer tudo e se apaixona por sim mesma a cada 20 minutos.
Apaixona-se por si mesma a cada 20 minutos, e de novo, e de novo, e de novo... conhece-se nos mínimos detalhes fisicamente, e psicologicamente não poderia se sentir mais plena, gosta até dos próprios defeitos. Tudo tem um sentido de ser, compreende ou julga compreender todos os segredos da vida, elabora teorias mirabolantes; tem necessidade de fazer até o que não precisa ser feito, entre afazeres de casa, favores não solicitados, sem o mínimo interesse da “aparição” – apenas pelo gosto de reforçar a segurança em “si mesma”, sem qualquer pretensão, sem qualquer orgulho, ou arrogância.
Pode ser que pense ter desenvolvido a capacidade de tentar a todo custo fazer as pessoas próximas sentirem-se bem e se anima imensuravelmente até com conversas em batentes de calçadas. Pode passar horas infindáveis fazendo o que lhe agrada, sem limites, assim como se aparecer qualquer outra mínima coisa que desperte o interesse ou o mínimo adicional de intensidade, deixa a primeira coisa de lado, perde-se toda a excitação e às vezes [não raro] tem a conhecida dificuldade de concentração [muita], poucas coisas a prendem.

O fato de ter sempre qualquer tipo de resposta na ponta da língua se agrega à situação de a mente funcionar a uma velocidade tão alta quanto não se possa imaginar (!!!). Exemplo? Um dia normal de aula em que a professora explana algum assunto aparentemente importantíssimo no campo da didática. Enquanto ela inicia uma frase, a pessoinha lá sentada funcionando a uma velocidade mental de 400 km/h consegue pensar em inúmeras teorias de como arrumar o guarda-roupas, quanto tempo falta para a faculdade terminar, das viagens que ainda vai realizar em vida e que poderá contar para os netos, sim, aqueles que irão passar o domingo na sua casa – a casa da vovó, onde o almoço é sempre o melhor, a sobremesa é sempre a mais desejada, onde a cama e os lençóis têm o melhor cheirinho de vovó idosa fofa e cheirosa, o piso é daqueles antigos porque a vovó gosta de coisas antigas – pensa em como poderia ser diferente a sua vida e tivesse continuado com os antigos planos, ou em como todo o destino mudaria se atravessasse a rua na hora em que aquele carro passava, então completa a frase da professora, solta um sorriso de canto de boca e volta aos seus pensamentos – em furacão. Por isso quase sempre sabe soltar a resposta certa em conversas, e até depois de 30 minutos de assuntos regados a gostosíssimas gargalhadas, franzimentos de testas, combinações de programas para o fim de semana, discussões sobre autores ou programas de comédia de fim de semana. Dificilmente consegue finalizar um pensamento quando novos vêm à cabeça, junto com planos que, no mundo das idéias, são absolutamente fáceis de serem realizados. É daí que sai o bem-querer pelos outros e dos outros para si tão facilmente.
Enquanto anda pelas ruas do centro, faz atividades de casa, escreve, conversa, estuda, toma banho, vê tv, cozinha ou arruma as gavetas, é como se houvesse uma placa de memória na cabeça que toca músicas ininterruptamente – por isso a qualquer hora que a encontre, ela estará assobiando, murmurando ou cantando alguma canção, fantástico! O próprio olhar se perde facilmente e, assustadoramente, é fácil admitir que tanta distração seja encantadora. Dormir e comer se tornam coisas tão desinteressantes como qualquer coisa que não lhe convenham, de modo que uma noite renda apenas 4 horas de sono, no máximo, dezenas de páginas e produções, entre as desnecessárias e as vitais ao crescimento profissional e o dia renda, pelo menos uma refeição bem feita, porque “saco vazio não pára em pé”... e quando se dá conta, lá se foram 3 quilos e meio. E assim lá se vão 4 semanas...
E algumas são mesmo o tipo de pessoa realmente encantadora, aquelas que fazem tudo-ao-mesmo-tempo-e-agora, sabe? Do jeitinho que alegra sem ter a intenção.

Então vem um murro na cara do destino e faz a pessoa voltar à Parte I. Depois de um tempo duríssimo, ela aprende que faz parte de um movimento pendular do mundo, formando todo um universo interior de vais-e-véns. Durante cada movimento e em um gasto “excruciante” de energia cinética, ela não consegue distinguir o estado em que se encontra da normalidade. Aí vêm os curtos períodos em que se tem apenas energia potencial que é quando, ou não se lembra de tudo o que passou, ou se lembra é como se contasse a história de uma outra pessoa, algum tipo de experiência extracorpórea. Coisa louca!

Comentários

Unknown disse…
Por que ngm quis comentar além de mim?
Será que está td undo vivendo à base de lítio?
Será que está td mundo do outro lado do movimento pendular?
...

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