"I don't give a fucking shit"


Parece que nos dias em que você menos quer ver pessoas ou passar por situações de conflitos, é que mais aparece assombração. Nesses dias estão faltando as palavras compatíveis com a ação exercida por outrem e você não se faz entender o suficiente.

Que interessa aquele seu programa de televisão preferido? Primeiro porque o horário de verão adiantou toda a sua programação televisiva e acabou desmantelando a sua própria programação, porque os dias estão parecendo mais longos. Mas as palavras que queria dizer não sumiram – é que ainda resta o mínimo de discernimento que te diz “guarde-as”.

Na porta da vida deveria haver aquelas plaquinhas que a gente coloca no nosso quarto (não que no meu quarto tenha uma. Mal paro nele..) tipo:
“Ninguém hoje”
“Não pergunte, não perturbe, não se aborreça me aborrecendo”
“No confrontations allowed”
“I don’t give a fucking shit (Eu não tô porra nenhuma nem aí – ou mais ou menos isso..)”
“Que tudo se exploda”

Ou as melhorzinhas:
“Entre – bom-humor à disposição”
“Botão engolimento ativado”
“Sorria, você não está sendo filmado; esta é só uma brincadeira que perdeu a graça”

Que interessa arrepender-se do que fez (ou que não fez)? Poderia não ter dado certo, em comparação ao que é hoje. A parte mais bonita da vida é ter o mecanismo de sair do próprio corpo e ver o próprio rosto na hora das piores raivas; é a coisa mais hilária do mundo, se quer saber. E ir guardando as coisas que gostaria de dizer. Em um momento é absolutamente pertinente explodir; mas naquele exato não, porque o mínimo discernimento te diz que não é tão cabível assim. Então é só ligar o som mental e, enquanto tudo ao seu redor acontece, você só ouve a música. Aí vão passando a poeira, os carros chovendo, as bigornas caindo em cima dos gatinhos que passam, pessoas correndo segurando os cabelos e gritando coisas ininteligíveis aos céus... e você nem aí. Perfeito!

É um dia assim… em que você se dispõe a pensar em tudo que desandou na sua vida, tudo ao som de vitrola, em tom sépia, e você com cara de personagem de cinema mudo, com direito às paradinhas e narrações escritas em fundo preto. Ainda não aprendi qual foi a parte da minha vida que me ensinou a transformar tudo em comédia, a usar aquele humor negro de que tantas pessoas têm medo. Choro, chuto o pau da barraca, mas depois já imagino a cena de outro jeito e estou rindo (vira e mexe estou chorando por alguma raiva ou desgosto). Não porque seja engraçado, mas porque é tudo tão absurdamente idiota para que aconteça comigo, que o menos trágico é transformar em comédia tosca.

É que a monotonia corrói, sabe. Rotina não, monotonia. Até que gosto da rotina. Se coisas diferentes vivessem acontecendo, no final da contas as aventuras seriam rotina e o cotidiano não teria sabor nenhum... =/

Comentários

Júlia disse…
PÔ.. São tantas complicações que as vezes nem nós mesmos nos entendemos...
hhahhahahe, até agora eu so tinha 2 plaquinhas pra colocar na porta do meu quarto, agora vou usar as suas hahhhauhuhe
bjus
petit Amelie
Unknown disse…
Hellooooooooow! Cheguei! Cheguei! (Eu tava c o link do blog antigo, ia morrer e n ia achar huauhaua) Sou da sua rotina hehehehehe Amei! Amei! Vc é D+ "omm"! Bjuuuus!
Unknown disse…
Amiga, transformar os desfortúnios em comédia é uma arte! Vc merece um Oscar por isso!
Qt ao humor negro... nd mais inteligente, adoro!!!!!!!!

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