Dá pra perceber...

Às vezes nem tem tempo, mas chove. Às vezes eu nem quero conversar, mas falo por horas. Às vezes nem quero comer, mas finjo fome. Às vezes não quero dormir na hora que todo mundo dorme, e fico deitada por horas só para não acordar ninguém em casa com um acende-apaga de luzes. Às vezes enquanto tomo banho tenho a impressão de que nunca vou tomar banhos o suficiente antes que falte água para todo o mundo.

Quando era pequena (desculpe... é menor a palavra) gostava de fazer barraquinhas com as almofadas e lençóis no meio da sala, colocava uma lanterna pra simular a luzinha, levava os caderninhos da escola, vestia as roupas e colocava os calçados da minha mãe e ficava fingindo que era gente grande. Tinha a minha própria casinha, o velocípede que era o transporte até o escritório, que era nos fundos da garagem, o Biotônico Fontoura era o vinho que eu tomava no fim do dia, que na verdade era antes do almoço e os coelhos eram meus filhos (vixi, eram uns 6!) – só que hoje em dia eu só desejaria 2... coelhos... e filhos também... e o que mais me preocupa é o medo de na época deles não haver mais água para beber ou tomar banho e se vou ter a chance de me aposentar e ter uma aposentadoria que me mantenha, que me garanta pelo menos uma torrada e um copo de leite no café da manhã e antes de dormir e pelo menos almoço que contenha feijão.

[those days are gone...]

Hoje acordo de manhã e tenho o cuidado de não bater com a cabeça no “teto” do beliche, morrendo de pena de ter que acordar. Tomo banho aproveitando as últimas décadas de água potável e tendo orgulho em ser uma pessoa que gosta de tomar banho (depois de uma infância fugindo da bucha... mas nunca fui uma menina grudenta – Obrigada, mãe, por nunca me deixar sujinha nem fedida).

Sou extremamente ciumenta com as coisas que o meu quarto comporta. Tenho um problema gravíssimo com o descarte de coisas antigas... ainda guardo até os primeiros livros de caligrafia, e nem sei por que, já que minha letra sempre foi horrível; talvez seja pra lembrar das noites em que ficava até tarde (nessa época 9 horas da noite era muito tarde!) apagando e respondendo de novo pra ver se o “a” ficava mais redondinho... o que resultou em uma adolescência com a letra toda torta e hoje, parecem cercas caindo pra direita – continua horrorosa.

{não se leve tão a sério... não leve tudo tão a sério...}

Acho que com 1 milhão de dólares daria para garantir uma boa poupança para a velhice. Mas quem é que guarda tanto? Ninguém sabe se vive mais 10 anos, ou 5 meses, ou uma semana... ou se vai ter filhos, ou alguém por quem viver. Eu ainda quero ter mais alguém por quem viver e para quem contar que tentei ser uma pessoa boa. Putz! Como quero... porque agora eu tenho.

Se, daqui a 22 anos ainda estiver tendo tantas constatações em tão poucos intervalos de tempo, acho que serei uma pessoa inteligente. Vivida, talvez?!

A letra talvez seja pior ainda but who cares?! Daqui para lá existirá o mp357 ou maior... hoje tem mp5... nem precisaremos de lápis! Se hoje em dia a gente mal usa...

Constatações da semana:
- Existem pouquíssimas pessoas modestas do mundo. Nem o Dalai Lama é modesto!
- As pessoas que julgamos ser as mais bonitas geralmente são menos bonitas do que nós. Hollywood é uma fábrica de rostos, corpos e produtos para venda! Meu cabelo é melhor que o cabelo de Julia Roberts! Whitney Houston usa chapa, porque esfrega cocaína até na gengiva (você sabia??)!!!! Com uma ótima make-up e uma roupa que valorize, qualquer um é uma estrela! (Hihihih...)
- O mundo está cada vez mais vazio...
- Minha monografia será lida por mais alguém além de minha mãe e eu mesma!
- Ainda me arrepio vendo o clipe de Celine Dion de Titanic: My Heart Will Go On