Antes de começar sem saber como

Enquanto não começo o texto que não sei como começar fico pensando nas coisas que tenho feito (as pequenas, mesmo), para tornar a minha vida melhor... mas como de praxe, sempre penso uma coisa em cima da outra. Penso em como foi o último dia de terapia, e se era disso que eu precisava, sabendo que vou voltar em um futuro não sei se muito distante. E tudo o que eu fiz foi falar em amenidades, “cotidianeidades”, digo eu(como se isso não fosse tudo de que se compõem as sessões – assuntos aleatórios eleitos).


Costumo dormir com a mão do relógio sob o ouvido e a cabeça sob o lençol q está sob o travesseiro. Deve ser por isso que a maioria dos meus sonhos não tem a miniminimimininimiminimínima lógica e chegam a ser compassados! Compasso, compasso... tatata-ta-tatararatata, as aulas de solfejo, onde aprendi como se “entra e sai” de uma música... como concordei com uma amiga que estudou comigo na mesma época, não tenho a voz boa para cantar, mas me orgulho de ter pelo menos a entonação e o tempo certos... e dizem que para tudo na vida há um tempo certo. Até as flores têm um tempo certo para acontecerem, mesmo em lugares tão quentes; por que eu não teria o tempo certo de entender que eu aconteceria?
Não sou flor, mas como todas as outras coisas e pessoas do mundo, eu devo de alguma forma acontecer, porque tenho certidão de nascimento, miopia, tenho uma semana ruim todos os meses (a dura saga feminina..), tenho caderno e bolsinha de lápis dentro de uma bolsa onde está minha carteira de trabalho que não é assinada, mas eu trabalho com bolsa, tenho carta de direção e sujo os dedos sempre que como buchada mesmo que seja de talher. A mais bonita, mesmo tendo espinhos e eu tendo visto pela última vez há 6 anos atrás, na minha opinião, é Amélia, de onde vem o meu nome - a rosa. Minha vó não tinha espinhos, mas era a mais bonita, também, assim como a minha mãe, que tem o mesmo rosto desde os 26 anos, quando se formou. E depois ela reclama do jeito de eu me vestir, ora, nem fui eu quem casou de uma espécie de roupa de escoteiro e gravata! Nem gravata e roupa de escoteiro eu tenho.

Ainda hoje lembro da primeira música em inglês que aprendi, e pra mim é uma das mais bonitas, muito embora hoje em dia as cantoras não gritem mais o girl power nem usem aqueles sapatos nem mesmo sejam tão bonitas quanto então. Nunca quereria ser um dos membros da ABL – acho que eles conversam coisas sérias. Já me disseram que formalidade não é o meu forte, e mesmo sendo formal eu quebro o protocolo, então, quando falo sério, as pessoas riem, assim como a minha “ex”-terapeuta. Sempre me recebia sorrindo e enquanto eu ia sentando e fazendo um preâmbulo do que seria a sessão, ela ia também se sentando e rindo – muito. Não é o dever deles sorrir (dos terapeutas... a regra geral é oferecer lencinhos quando a gente chora e observar com os olhos semi-cerrados enquanto falamos), mesmo quando você está tentando explicar coisas sérias; mas ela quebrava o gelo e ria, até porque eu dificilmente fazia algum comentário existencial sem acrescentar um tom irônico e um olho maior que o outro. Rio da minha própria cara na frente dos problemas – não, nem todos os problemas têm solução, e para alguns deles (senão a maioria), a solução é rir e fazer rir.
E continuo tentando encontrar uma forma de começar a falar o que eu pretendia, mas nem sei como!
As melhores lembranças vêm acompanhadas com o sabor que mais gostamos, ou com nosso som favorito, ou com a imagem mais bonita. Uma das minhas melhores lembranças vem junto com a memória do dia de mudança... de um lado para o outro da rua, de uma casa para a outra em frente, carregando gavetas, faqueiro, fogão, botijão de gás e beliches – um milk-shake à noite, e um beijo. Tudo quase completo; porque de vez em quando as recordações vêm fracas, igual a fita antiga que mofa quando fica muito tempo guardada. Os melhores especiais que já gravei no videocassete mofaram, mas felizmente são das cenas que mais recordo, porque eram as melhores músicas que eu conhecia.

As melhores músicas que eu conheço me lembram dias, horas, pessoas. E, como via de regra, lembram cheiros, também, assim como épocas do ano têm cheiros característicos e cores específicas; tenho certeza disso, como pouca certeza tenho sobre muitas coisas da vida.

Ando na época da aliteração, assonância e paronomásia na escrita de novo – por outros motivos prefiro ler a língua que acho a mais bonita de todas em silêncio – em voz alta prefiro a música.
Tudo bem – agora vou começar o texto, descobri uma forma...

Comentários

Anônimo disse…
É... Difícil olhar pra trás e não lembrar um filme, que lembra a música, que lembra o cheiro...

Ah se a vida tivesse trilha sonora!
Anônimo disse…
Miaa!
realmente.. impossivel vc escutar uma música e nao lembrar d alguem.. por exemplo.. qndo eu escuto right to be wrong da Joss.. adivinha de quem eu lembro?? hã hã? lembro perfeitamente o 1° dia de aula, mais ainda da música!!=D
acontece que eu nao sei o q seri da minha vida, se eu nao tivesse conhecido uma das melhores pessoas do mundo (eu axo!)^^
e a terapia, deu resultados???

bjus!
Anônimo disse…
;~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

me passa um lenço por favor...

obrigada...

(prrrrrrrrrrrrrrrrrr!!!! *barulho de gente assoando o nariz*)

obrigada.

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