tag:blogger.com,1999:blog-6935728877136909642024-03-21T15:56:45.490-03:00Foi Mia!Foi Mia Quem Disse!Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.comBlogger217125tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-86619244256958774902023-11-16T20:16:00.001-03:002023-11-16T20:16:10.797-03:00Casa dos Trinta - No quarto de amor<p> Sentada na beira da cama, a única iluminação que adentrava o quarto era a penumbra no crepúsculo. Não sabia quantas horas fazia que estava ali, em um bursting de imagens e cenas de momentos passados de vida, parecia vidas passadas. Personagens que pareciam saídos de obras literárias que ocuparam seus espaços, suas cadeiras, sua cama, sua mente.</p><p>Nos dias seguintes, já não mais. Era um problema não conseguir se apegar a alguém? Nem estava falando em amar, era apego mesmo, aquele sentimento de possuir, mas não se sentir pertencente. </p><p>Desde que saíra da casa dos pais no interior que a meta era se sobressair com seu trabalho, suas escolhas, seus erros. Alugou um quarto em outra cidade, de aluguel razoável que não comprometesse tanto do salário de contadora. Mas gostava mesmo de compor. Imagens e encadeamento de palavras que viravam cifras que se tornavam melodia nas cordas do violão que havia comprado numa feirinha de bairro de usados.</p><p>Todo sábado ela ia para a Paulista à tarde. Levava uma caixa amplificadora, um microfone de qualidade questionável, seu violão e ficava tocando, até o anoitecer. Eventualmente finalizava o dia em algum barzinho da Augusta com algum transeunte que havia conhecido tocando entre olhares e pedidos de músicas. Papo bom, pessoa que parecia íntima a rotinas de higiene... Acabavam tendo um momento no seu apê.</p><p>Quando terminava ela ouvia os elogios de praxe, respondia sobre sua tatuagem nas costas, quando perguntada. Dizia "desculpe, não tenho nada para oferecer de lanche, não fiz supermercado esta semana". Depois de um cigarro e uma cerveja, a companhia ia embora.</p><p>E ela seguia sentada na beira da cama.</p><p>Teve uma ou duas vezes em que ela pegou contatos para conversar e rever os carinhas, tipo aqueles diálogos de Lóri e seu "filósofo" chato em "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres". Mas que tola, ninguém lê mais Clarice esses dias.</p><p>Era essa a falta que ela tinha, de sentir o pertencimento. Em alguém.</p><p>Ao mesmo tempo, sentia um imenso prazer em si mesma, por nem precisar explicar porque todo sábado ela carregava uma caixa de som indo e voltando do Metrô no sentido Jabaquara.</p><p>Andava por onde queria. Tinha as amigas para conversar, tinha engajado nos exercícios. Aos 34 ela se sentia muito mais segura do que na casa dos 20.</p><p>Não precisava se encaixar nos padrões de cabelo. Não precisava explicar a mãe por que fumava.</p><p>Não precisava dever satisfação sobre o sexo que fazia, com quem, como e quão bem fazia. Nem precisava criar um pet pra sentir que formava uma família porque tentava estar de casal.</p><p>Não sentia tanto a pressão da economia sobre as demandas de imposto de carro, pois carro não tinha. Havia se adaptado tranquilamente ao sistema de transporte da capital em uma rotina que lhe aprazia.</p><p>Sentia a falta de pertencimento a outrem? Sim. Ocasionalmente. Alguns diálogos e intimidades viriam a calhar.</p><p>Mas ao ganhar liberdade, abrir-se-ia mão de alguns desejos. Ao tentar manter aqueles desejos, perder-se-ia aquela pequena grandiosidade de sua vida hermeticamente fechada e organizada. E em cedendo àqueles desejos, depois outros e outros e outros viriam, pois é o humano um ser desejante.</p><p>E ela não queria perder a aventura até chegar ao que os 40 prometiam.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkrGlLXNqXebCiqvcgL3G1DUQfOS3eQlcJj9DApQllPi_j43Bdg02gN2idA5D_W8ChmCKRWRUOBLxYP9KUYaRPZMRk6LMDqjtPdjd-_soQsYKssaIxBHrFX5rqD3k6ZkDsV2wKI70i59Kg3I7a0Q4aIHXP9qRX1ZEdzGFxw7w-QT5OZzEd2Tioa2Vn2qR6/s1920/Untitled.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1920" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkrGlLXNqXebCiqvcgL3G1DUQfOS3eQlcJj9DApQllPi_j43Bdg02gN2idA5D_W8ChmCKRWRUOBLxYP9KUYaRPZMRk6LMDqjtPdjd-_soQsYKssaIxBHrFX5rqD3k6ZkDsV2wKI70i59Kg3I7a0Q4aIHXP9qRX1ZEdzGFxw7w-QT5OZzEd2Tioa2Vn2qR6/s320/Untitled.png" width="320" /></a></div><br /><p>No quarto de amor, este - o amor, é só seu. Por si. E que lhe baste por ora.</p><p><br /></p><p>Imagem gerada por IA a partir de descrição do texto através do Adobe Express.</p>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-86449011809645951592023-08-11T18:33:00.004-03:002023-08-11T18:33:47.541-03:00Casa dos Trinta - A visita, avisos ou sobre a construção da resiliência na solitude.<p> Sentada na mesma cadeira na sexta-feira, das rotinas das sextas-feiras, abrindo a carteira de cigarro que fazia anos não fumava. Fazia anos que não fumava. Por que retomaria o hábito agora?</p><p>Agora era momento de repensar até as manias que não tinha e novas que poderia adotar, só pra levantar a suspeita de um novo diagnóstico nas visitas ao psiquiatra, coisa que não fazia há tanto tempo - as visitas ao médico. Novos diagnósticos ela cogitava todos os dias. </p><p>Tendo perdido os pais na pandemia, perdeu também o prumo. O trabalho com música e escrita ia bem até o ponto em que aulas particulares pagavam adequadamente algumas contas. Tinha vendido um dos carros, preservado o carro antigo do pai, um Chevette, que ele tratava como relíquia. Guardou em casa toda a organização da mãe. O oratório, os panos de cama, mesa e banho organizados em degradê com cheirinho de vetiver, os galhinhos espalhados pelo guarda-roupas. Espalhados por toda sua memória. </p><p>Em sendo filha única não tinha passado por toda a burocracia de desfazer cenários que não desejaria - ela desejava mudar de cenário agora? Não. Agora não. Havia mudado as camas, sua cama.</p><p>Seguiria sem a companhia constante humana. Mantinha a companhia da alma deles.</p><p>Aquela falta que é presença e ocupa todas as cadeiras da mesa na sala de jantar, que parece estar em pé na frente da pia lavando a louça, ou segurando a mangueira regando as inúmeras plantas do jardim do quintal, cultivadas com tanto zelo por tantos anos - como ela cuidaria tão bem delas? Elas morreriam? Ela certamente morreria.</p><p>Pensava agora diariamente, quando sentava para tocar alguma de suas peças, exercício diário da música, da mente, dos dedos, dedos hábeis e famintos por entrelace.</p><p>As companhias que se permitia eram em saídas breves, rápidos encontros com quem melhor aprouvesse para descarrego da ânsia por não estar sozinha, ao mesmo tempo em que qualquer companhia por um pouco mais de tempo já lhe causava um ranço, um tédio, uma vontade de simplesmente ser só. Tinha dias em que ela só queria um corpo, mesmo. Sendo hábil entre as palavras que saíam da mente e povoavam os dedos, viravam músicas, sons, encadeamentos lógicos, conseguia rápido o prazer. Em braços e corpos amigos.</p><p>Tantos eram os interesses por ocupar seu coração e sua vida com constância.</p><p>Ela que tinha medo dessa constância. Achava que era impossível alguém ser tão constante a vida inteira.</p><p>Tinha medo que ela a viesse visitar nas noites de silêncio e escuridão - a visita. Paradoxal que tivesse medo da visita, mas não quisesse companhia. É como se soubesse que o encontro precisasse acontecer entre as duas.</p><p>Ela a tinha visto nas visitas que fizera ao hospital nos dias em que os pais estavam internados. Na loucura da pandemia, corredores cheios, multidões de pessoas paramentadas, ela própria. Um longo corredor, o corredor de espera da UTI. Passava das 23 horas. Havia uma senhora sentada, sozinha. Sem máscara, sem os paramentos de praxe. Por volta dos seus 86 anos, cabelos muito brancos organizados em uma longa trança. Linda face. Ao se aproximar, a idosa lhe abriu um sorriso enorme. Como o de uma velha amiga que há tanto não encontrava. Pareceu-lhe familiar. Mas totalmente incongruente. Naquele lugar, naquele horário, aquela pessoa que nem estava internada, nem se protegendo, parecia entregar vitalidade, leveza e conferia alguma harmonia ao lugar. </p><p>Onde não havia contatos físicos, a senhora se levantou da cadeira onde estava e lhe deu um abraço. Longo. Gostoso. Mais tarde ela entendeu o que aquilo significara. Jamais conseguiria colocar em palavras. Seu pai faleceu naquela madrugada - complicações da COVID-19. </p><p>Ela já tinha visto aquela senhora na infância. Por isso o sorriso lhe fora tão familiar. Não sabia seu nome. Mas sabia o que ela significava. Ela era a visita conhecida.</p><p>Alguns dias depois sua mãe também não resistiu. Ela viu a senhorinha sentada, de longe, num dos canteiros de fora do hospital. Ela lhe fez um aceno.</p><p>Então dali voltou para casa sozinha. Chorou sentada no chão do banheiro algumas horas. Adormeceu no chão do corredor, até os gatos e o cachorro lhe acordarem. </p><p>Coisa complexa é o luto. Sendo ou não esperado, nunca há tempo suficiente para se preparar. A cerimônia do adeus é sempre o mais íntimo que há - entre adormecer e tomar banho. É se despedir de tantas partes de si, precisando fazer nascer outras partes quebradas, mas resistentes, para continuar seguindo. É uma perda e despedida que acontecem do lado de dentro. </p><p>Toda sexta-feira ela senta na mesma cadeira, no mesmo bar, encontra com as mesmas amigas. Para beber algo, para conversar qualquer coisa que não seja estar em casa sozinha - mesmo sendo a solidão o que mais deseje e por isto a psicóloga disse que não deveria. Então hoje ela está sentada, abrindo uma carteira de cigarro, reativando o hábito antigo, sentindo o cheiro familiar, o sabor amargo na boca, mas a sensação de calma que a nicotina confere nos estados ansiosos. Pediu uma dose de tequila. Botou sua melhor roupa, o batom vermelho. Vaidade para si mesma. Prazer para si mesma. Desfrutar das boas companhias e voltar mais tarde para o seu espaço familiar. Só isto.</p><p>Sabe o mal do cigarro, todos os riscos que está correndo, os antecedentes familiares - diabetes, hipertensão, câncer - nada dessa consciência é suficiente, porque é o que lhe sobrou para extravasar.</p><p>Mas hoje ela só quer ouvir o samba, olhar alguns olhares - reais. Voltar para casa. E seguir. Quando vir aquela senhora novamente, quiçá daqui a algumas semanas ou anos, ela saberá. Por enquanto, sem tantos planos, cobranças - não vai tentar chamá-la nem encontrá-la. Ela que deve vir por si só. A beleza do encontro está no inesperado.</p><p>Deixar algumas lágrimas rolarem, alguns corpos se aproximarem. Ir retomando a rotina e o rigor, o vigor e cuidar da saúde novamente. Por enquanto sua dor é só sua. </p>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-33056675167412180692023-08-09T21:36:00.002-03:002023-08-09T21:36:49.912-03:00Um experimento criativo ou projeto chamado A Casa dos Trinta<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2q5yOHr7PUCtsHF83mvPOpmiwlKKBQOe328_qfcZYWOcoSWcvIDGUyl_V_xl_Wnih3W__0T6SHAcSdNI-XIeSeflzO6IaORLupxsgKptaf8vEAuz_dmmCMynFRDdvKbqOgf3g_boAOjbVLowmiAEpWXnkvvzG8MFZPzTt_YbgUTw1IMbAsK0yZ9cyQofD/s619/images%20(34).jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="619" data-original-width="495" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2q5yOHr7PUCtsHF83mvPOpmiwlKKBQOe328_qfcZYWOcoSWcvIDGUyl_V_xl_Wnih3W__0T6SHAcSdNI-XIeSeflzO6IaORLupxsgKptaf8vEAuz_dmmCMynFRDdvKbqOgf3g_boAOjbVLowmiAEpWXnkvvzG8MFZPzTt_YbgUTw1IMbAsK0yZ9cyQofD/w256-h320/images%20(34).jpeg" title="A Mulher que Chora, Picasso" width="256" /></a></div><br />Quando era menina pensava que haveria o dia e a hora em que saberia<p></p><p>Que seria ali o determinado momento em que </p><p>EU me amaria</p><p>Passou a casa adolescência e eu não sabia quem era, porque precisava cumprir.</p><p>Passou a casa dos vinte, porque lá eu estava cumprindo e exercendo</p><p>Com os olhos lá no horizonte, no que estava plantando</p><p>Na casa dos trinta tenho me encontrado me buscando pelos quartos e corredores de mim e já quase na porta do muro de trás, olho para fora, a outra perspectiva, a próxima casa conjugada, a dos 40.</p><p>Achava que onde estou seria satisfeita, feliz, preenchida, teria um olhar satisfeito sobre o corpo.</p><p>Não é bem o caso, embora o que está dentro goste do que vê, aprecie o que preenche a alma.</p><p>O aprender a se querer é até doloroso. </p><p>É um se querer não-diário</p><p>É um querer sumir de si para conseguir ter a constância, a disciplina, o desprendimento, o autoperdão - só para SER</p><p>Na casa dos trinta aprendi que tenho que me respeitar e conheci o eu-mulher que quereria para mim mesma.</p><p>Gostando de todas as personas que poderia ser, esta que escolhi ser perene me causa inseguranças.</p><p>Mas ela parece saber onde vai, o que fala.</p><p>Ela gosta da carta da Temperança. </p><p>Tanto aparece que é o que ela mais faz em tudo - ponderar.</p><p>A EU da casa dos trinta é tantas. </p><p>Espero que na casa dos quarenta o gozo de se ser surja, assim, como a Fera Ferida, de Maria Bethânia.</p>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-26056527625094897232022-04-24T20:16:00.001-03:002022-04-24T20:16:27.159-03:00pródromos - samsara<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIh-WdT0l6lWvXNyEa9VIcXyFwi0XH5zkISDtfqV-Sauje9NOjXRUmm7pmlNTt_s4hS5vyRZUDHgEUnjxZCllIwrDZfgwolWhzpKccXJFoV-bGjoUIYZ_duSQdJc-MOKY-sWaiILyAe6Np/s1600/1650842181792381-0.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIh-WdT0l6lWvXNyEa9VIcXyFwi0XH5zkISDtfqV-Sauje9NOjXRUmm7pmlNTt_s4hS5vyRZUDHgEUnjxZCllIwrDZfgwolWhzpKccXJFoV-bGjoUIYZ_duSQdJc-MOKY-sWaiILyAe6Np/s1600/1650842181792381-0.png" width="400">
</a>
</div>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-29831109873094462842022-03-17T19:12:00.003-03:002022-03-17T19:13:39.510-03:00Dependência<p> </p><!--StartFragment-->
<p class="MsoNormal">Aqueles momentos de epifania. Ela-eu gostava de ler pessoas.
E, mesmo depois de tanto tempo, aqueles mistérios que nos aparecem para
despertar a curiosidade e a vontade de fazer um pouco diferente naquele
processo de conhecer, de se fazer em casa nas entrelinhas da comunicação entre
pessoas. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Diz-se que em um grupo de pessoas, se algo engraçado é dito,
você tende a seguir o ímpeto da risada e acaba olhando ou orientando inconscientemente
fisicamente seu corpo para a pessoa que mais te interessa naquela multidão.
Multidões. Multidões de pensamentos, de dúvidas, de inseguranças. Mas se você
olha e a pessoa está rindo na mesma intensidade que você, BINGO!, uma dose de
dopamina e serotonina a mais para continuar o dia. Mas se além de rir a reação
inconsciente de orientação do corpo da pessoa for você em reciprocidade, tem o
prazer profundo de se sentir abraçada sem os braços. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">E quando são os braços que você procura mas não sabe como
levantá-los para pedir o abraço porque não sabe se ele será devolvido? Quantos
abraços pendentes a gente guarda e quanto significa o sentimento represado. Talvez
se soubesse quantas angústias a gente diminuiria na vida de outrem, a gente
teria abraçado mais. Como se nega abraço? Da mesma forma em que se nega a si
mesmo/a tentando se encontrar naquele “eu” que as pessoas esperam que sejamos e
no final nem sabemos mais que “eus” somos, tanta soma de papeis e de nós a
serem desatados. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A insegurança é aquela coceirinha chata perto do calcanhar
que não passa e que a gente não para de cutucar. Ela gera as mil e duas
perguntas não ditas, não verbalizadas, não escritas, sobre o medo de perder. O
não-dito é sempre mais doloroso que a possibilidade de superar aquela tal
flecha da palavra atirada. Eu atiro perguntas. Atiro olhares, atiro sorrisos.
Na esperança que eles sejam palavras não materializadas, mas inteligíveis.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Nasce a dependência de algo-relacionamento, ou contexto, que
foi antes um plano, depois foi um algo-recíproco, algo-pele, algo-segurança.
Que hoje pode nem mais ser. Pode até nunca nem ter sido, mas eu achei que
fosse. E que pode ser segurança, sim, mas por experiências anteriores a ferida
aberta do “não saber de si” não nos deixa ver com clareza. Preciso da
aprovação, do sim, do sorriso, do abraço, ou da presença, ou do toque, ou da
resposta nos próximos 3 minutos senão não existe nenhum sentido de a conversa
continuar existindo. As amigas que lutem para responder naquela instantaneidade
do quase-telepático. Um algo-místico.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Neste algo-medo, algo-incompletude, algo-insegurança, nascem
os <span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ciúmes, como reflexo
de algo que nos falta ou porque achamos que precisamos controlar e manter
sempre aquilo que nos apraz, seja uma pessoa, seja objeto/posse. É aquela ânsia
por saber o que a outra pessoa está fazendo, com quem está fazendo e por que
não é com você que ela/ele está tendo bons momentos.<br />
O medo de que outra pessoa seja o alvo do afeto que eu investi e dediquei tanto
tempo. Medo de que a pessoa olhe pra outra e saiba aquela comunicação sem
palavras que só a gente tinha. Medo de que aquela nova amizade seja mais
interessante e eu seja apenas uma estranha perfeita. Daquelas que a gente
conheceu muito e significou muito por tanto tempo, mas que hoje não é mais. Que
medo de perder o amor e não ser mais o alvo daquele afeto, daquele olhar, do
melhor abraço. <br />
Os ciúmes fazem perder o sono porque fazem a gente reavaliar a lista das coisas
que já falou mas que hoje soam constrangedoras -, "mas e se ele/a estiver
se divertindo mais e me achar tão insignificante?", "por que se
despediu de mim e continua online?". "Mente para mim sobre
isso?".<br />
Mas e se ela achar uma amiga mais presente do que eu?<br />
Mas e se ele achar uma pessoa que sorria mais do que eu e envolva promessas de
papeis que eu não desempenhei?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Por
que não responde minhas mensagens se já visualizou?<br />
A cor dos ciúmes é azul royal com púrpura. Parece ira, mas é uma carência de
completar uma lacuna que vem lá de trás. Confiança no outro para construir a
confiança de si na vida dos outros. Saber que é a si mesmo(a) que tem a
oferecer nas relações e que isto e o seu maior tesouro. Mas quantas vezes na
vida não derrubamos esse fato e passamos a esperar atenção, afeto, carinho,
cumplicidade, como se fossem brindes, ou favores...<br />
Os ciúmes são o pavor de perder esses brindes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">[I
gave so many signs]<br />
E nem são brindes. Porque tudo o que gira em nossa cabeça nos ciúmes são
construções nossas. Nossas impressões e interpretações de como as pessoas nos
vêem - e que a qualquer momento podem simplesmente ter interesse em outra
coisa.<br />
Só para mim, só comigo, só por mim, só eu. Qualquer outra pessoa pode levar
embora. E eu não aguento mais perdas.<br />
Perder amor faz a gente achar que é nossa culpa, porque não fomos permissivas,
ou não nos abrimos a experimentar mais, ou o que tínhamos a oferecer que era
pífio, desinteressante.<br />
Aí a gente se anula para cumprir as expectativas da outra pessoa. Que afinal de
contas nem tinha mesmo esse interesse.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">[</span><span style="background: white; color: #4d5156; font-family: Roboto; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">… </span><span class="rxerq"><b><span jsname="YS01Ge" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; max-height: 999999px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">I think I've seen this film before</span>. </b></span>And I
didn't like the ending. I'm not your problem anymore. So who am I
offending now?]<span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Na
responsabilidade afetiva conta cada dito. Porque o não-dito enche cômodos,
caixas, armários, sacolas e coração. Para cada pergunta feita, tirar o peso do
medo da resposta a receber. E alguns não-ditos doem mais porque o silêncio da
rejeição e do distanciamento cortam mais do que a palavra clara. Às vezes ela
nem é uma ruptura. Mas a dependência é isso. A necessidade de saber estar certa,
a aprovação, o saber que é aceita, acolhida, não importa quantas outras vozes
habitem aquela sua cabeça. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Sonhos
e planos são plásticos. Eles podem dar luz a outros, podem ser alimentados,
trabalhados, lentamente, como se alimenta um filhotinho guardando nas mãos.
Eles podem ser conversados, devem ser levados com a paciência de quem planta
tâmaras, sabendo que a espera precisa ser tão cuidadosa quanto a criação de
expectativas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Expectar
que o que fiz renderá o que eu mereço. Mas eu mereço o quê? Tanto? Tão pouco?
Tanto quanto eu dou? O QUE EU DOU nessa responsabilidade afetiva? EU lembro? Eu
lembro de esquecer? O que eu me esforço para lembrar? Lembro que cada pedacinho
da outra pessoa faz parte de todo esse processo de individuação que eu mesma
tenho vivido e que preciso respeitar ESPAÇOS? Limites? Linguagens? Quais as
minhas? O que eu gosto de receber? Como melhor me expresso? Eu estou expressando
o que me desconforta ou apenas dou o conforto para achar que estou sendo
acolhida?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Eu
queria ser tudo o que eu vejo nos outros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(normalmente
se é tanto um oceano quanto um universo inexplorados, desejados e sonhados, mas
pouco ou quase nada explorados, porque não é todo olhar que consegue penetrar
nas profundidades)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Quero
que dê certo, quero que me aprove. Sorria pra mim, por que não atende minha
ligação? Por que não riu com aquela piada que contei? Será que fui invasiva? Ou
ausente? Desacreditei? Hipervalorizei? Como vou olhar para a cara de novo?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Seria
tão mais fácil que as pessoas soubessem fazer amor com as palavras tão bem quanto
o fazem com o corpo, com a foto e com os editores de imagem. Mesmo as palavras
não ditas, aquelas que ficam por detrás do véu de descobrir, explorar, ler nas
entrelinhas do inclinar o corpo, do olhar acolhedor e apertadinho através da
máscara, do olhar inexpressivo, da palma das mãos para cima quando se conversa,
das pernas descruzadas, da conversa leve, descontraída, do não-medo de apenas
ser parte. Aquele algo-recomeço, algo-relação, algo-plano, algo-descoberta,
algo-alegria.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Quero
mais, tempo, mais abraço, mais aconchego, mais saber olhar, saber estar, saber
falar, saber ser, saber ouvir, saber abraçar, saber abrir, saber mais palavras,
mais gestos, mais sorrisos mais beijos mais caminhos mais estratégias, mais
risadas, mais algo-maturidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<!--EndFragment-->Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-82605984887424477032022-01-12T22:56:00.001-03:002022-01-12T22:56:46.842-03:00Be balanced, be kind<br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwlP4MnR_zfPo0PzjAzutlpgAE-n-XvzW_mZoHBJkXq5AUkB9cYMPJk6VvvAeIy5LbBTbN0QMPLMlZWI6wRAi5-5xPgwqYg_DjSeQtc5iyovR_z7XICHrFjeT1GDOJsRmBsWXQy5kRKd8I/s1600/1642039000439234-0.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwlP4MnR_zfPo0PzjAzutlpgAE-n-XvzW_mZoHBJkXq5AUkB9cYMPJk6VvvAeIy5LbBTbN0QMPLMlZWI6wRAi5-5xPgwqYg_DjSeQtc5iyovR_z7XICHrFjeT1GDOJsRmBsWXQy5kRKd8I/s1600/1642039000439234-0.png" width="400">
</a>
</div><br><br>
<span ;="">Todas as pessoas são catástrofes prestes a acontecer</span><br>
<span ;="">Um homem na parada de ônibus prestes a atravessar a rua quando o caminhão passa</span><br>
<span ;="">A mulher que está sentada na murada do viaduto no horário de pico</span><br>
<span ;="">O homem que dirige de volta para casa lutando consigo mesmo sobre a decisão de deixar a esposa para ficar com a amante e vê a mulher sentada na beirada da parede do viaduto</span><br>
<span ;="">A esposa do homem que dirige que está em casa fazendo de janta o prato que ele mais aprecia</span><br>
<span ;="">A moça prestes a beijar um desconhecido na chuva</span><br>
<span ;="">O rapaz prestes a pegar o ônibus errado e quando descer vai conhecer o amor de sua vida, uma moça que vai beija-lo aleatoriamente</span><br>
<span ;="">Uma criança que vai atravessar a rua sem olhar para os lados</span><br>
<span ;="">Um taxista que está atrasado </span><br>
<span ;="">Uma marquise de um prédio antigo</span><br>
<span ;="">Os dedos ansiosos nas mãos de dois amantes que brincando entre si</span><br>
<span ;="">Dedos nervosos, lábios nervosos.</span><br>
<span ;="">Palavras nervosas. No amor e na ruptura.</span><br>
<span ;="">Palavras soltas sem pensamento são catástrofe.</span><br>
<span ;="">Um adolescente exibindo a arma do pai aos amigos curiosos pelo artefato</span><br>
<span ;="">Um cavalo arredio</span><br>
<span ;="">Uma mãe correndo sem olhar para os lados</span><br>
<span ;="">A maioria das pessoas correndo sem olhar para os lados</span><br>
<span ;="">O coração que se abre sem saber se haverá uma mão para o acolher</span><br>
<span ;="">Catástrofe cair sem o amparo</span><br>
<span ;="">Catástrofe se abrir sem saber se haverá portas abertas para entrar</span><br>
<span ;="">Viver é uma catástrofe em devir</span><br>
<span ;="">Cada sopro de vida é um segundo mais próximo da perda. Senão de si, de alguém - próximo ou não.</span><br>
<span ;="">Há quem veja que a cada sopro de vida, mais vida há.</span><br>
<span ;="">Mas aí é quem não espera pela catástrofe.</span><br>
<span ;="">Eu as espero em qualquer hora e lugar</span><!--/data/user/0/com.samsung.android.app.notes/files/clipdata/clipdata_bodytext_220112_225335_205.sdocx--><br><!--/data/user/0/com.samsung.android.app.notes/files/clipdata/clipdata_bodytext_220112_225335_205.sdocx-->Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-69329925890459152512021-10-19T15:28:00.005-03:002021-10-19T15:28:40.101-03:00Psicodelia e porque na liberdade até as rimas prendem<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKGoCdRUaANHbVE25aLQIzcL8a3NydCMSZz_BZP9sACMzyX_BhUrZWCfeqpcgFTm7YKBAZhVTyxc93dpGiyGIF-PTKn_w9U17ufmaerQRy1571UIpVHEUP24FHZLJjYvRTKA2tkRaQ6-vn/s2048/pxfuel.com.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1362" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKGoCdRUaANHbVE25aLQIzcL8a3NydCMSZz_BZP9sACMzyX_BhUrZWCfeqpcgFTm7YKBAZhVTyxc93dpGiyGIF-PTKn_w9U17ufmaerQRy1571UIpVHEUP24FHZLJjYvRTKA2tkRaQ6-vn/s320/pxfuel.com.jpg" width="213" /></a></div><span style="font-family: georgia;"><p><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p>Do lado de dentro</span><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">ela se perguntava que sabor tinha<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Passeando por fora de si não sabia de limites<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Onde era o fim de si para o começo do mundo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Será que era na sua expiração ou será que a procura cessaria<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Que é liberdade senão a procura? Qual lugar é o que prende?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Sem grades, sem correntes, sem balizadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Só mais um pouco e eu entendo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">aquela viagem que é só minha<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Não se preocupe em segurar minha mão, mostre o caminho<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Dentre tantos que meus dedos poderiam percorrer<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Delicado toque com a resposta na ponta da língua<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">“Quantas línguas você fala”, ela perguntou<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">“Depende de qual você quer experimentar”, a resposta sempre
seria<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">De repente eram os sons mais inebriantes, <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">os sabores mais cheios de tons furta-cores<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Me furtando o ar de todas as escolhas que eu poderia tomar<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Quando abria os olhos, era minha pele que enxergava<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Todos os seus pelos e poros, eriçados,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">quando disse “me escolha de corpo todo”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Todos os caminhos escolhidos levariam até ela,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Sua própria prisão – o corpo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">Na consciência que está a maior segurança da sua liberdade –
de ser</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia;">fonte da imagem: https://www.pxfuel.com/en/free-photo-qhnlb</span></p>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-27517654303947994812021-10-08T16:58:00.001-03:002021-10-08T17:21:53.169-03:00Despetalar<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiczdEHUK6W8F1GCC3S1kl9aLVJXOnp9-_IDRHpjGW3dE9ZhWLA8OXOWFM09H0uAnWp5r4aGIzfkGUyrM3vmIGpyrKFOppKIWYi-l3kKY4ZXN4sS8TGueuRvHfOlgtODMn9RvtGem97P3bM/s1600/rose_petals_drops_dew_dark_unusual-639732.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1600" height="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiczdEHUK6W8F1GCC3S1kl9aLVJXOnp9-_IDRHpjGW3dE9ZhWLA8OXOWFM09H0uAnWp5r4aGIzfkGUyrM3vmIGpyrKFOppKIWYi-l3kKY4ZXN4sS8TGueuRvHfOlgtODMn9RvtGem97P3bM/w454-h284/rose_petals_drops_dew_dark_unusual-639732.jpg" width="454" /></a></div><span style="text-align: justify;"><p><span style="text-align: justify;"><br /></span></p>A impressão de que tudo ao redor muda enquanto a gente assiste
é apenas impressão. Como queria que aquele dia não voltasse à memória com tanta
constância. Mesmo hoje, quando tudo parece tão diferente. E se pergunta, caso
tivesse tomado a outra estrada, se o acaso a teria levado tão longe
internamente como hoje se sente. Distante. A mente.</span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tal qual as estações da música de Cássia Eller, todos os
motivos para que tudo seja sempre do mesmo jeito existem, mas o que mais de
certo existe na vida é a impermanência. Por isso o tempo muda. E o clima. O
tempo, a dimensão fora da palpabilidade que não conseguimos controlar. Quiçá
não estava controlando o universo quando juntava as mãos em oração e pedia
tanto, só depois que entendeu que tudo se inicia pela gratidão – depois a gente
constrói. E vira o que é, desde a ideia.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Gratidão por ter (sobre)vivido. Não por ser hoje mais forte,
ou por achar que tudo sendo diferente hoje garantiria voltar no tempo e mudar
as peças de lugar. Ou mudar a si mesma como se ela própria fosse uma peça nesse
jogo de palpabilidades. Logo ela que tão pouco se propõe palpável, merecedora
das mãos que a recebam. Até chegar à concessão de si mesma, entendendo seus
fluxos como as luas, um dia ela se sente flor a ser tocada e apreciada; noutro
dia se sente calor que provoca tudo ao seu redor. Passam ventos e se sente
folha que se destaca e se deixa levar pelo vento, planar, até que as últimas folhas
caiam e se saiba que o frio dentro de si vai provocar e congelar tantas
certezas que teve a vida inteira. Que hoje nem o são mais. Porque mudou o ponto
de vista, porque mudou o ponto de lugar, porque mudou a si mesma de lugar, ou a
vista hoje se encontra diferente como a visão das telas de Monet que aprecia.
Mudando de tons. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Aí o cinza do frio em si vai cambiando, transicionando num
degradê na apreciação da beleza de si até chegar aos tons de azul chegando aos
lilases de crepúsculos. As cores são os humores dentro de si. Grossa para si
mesma, na constância das cobranças, do eterno retorno a si mesma, como naquela
filosofia, a saber que de noite dorme criando e alimentando os desejos,
amanhece fazendo e admitindo planos. Alimenta-se de sol, recompõe-se na
distância dos outros, pelo medo de tudo aquilo de novo, as dores, as perdas, as
distâncias que ela queria proximidades. Por isto se prende, pune-se, cobra-se,
apaga-se. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Até se ver flor de novo, cede espaço às incertezas, a se
saber hoje diferente do ontem e do anteontem e do ano passado... e não diferente
porque assim o fez, mas porque assim o permitiu quando se deixou no lugar,
permitiu-se as escolhas – mais confortáveis ou mais corretas? Mesmo as que nem
pareciam escolhas, mas destinos previstos, ou provisionados, porque era assim –
assim que tinha que ser. Para se sentir segura a rosa tem os espinhos. Não
existe delicadeza sem parecer ofensiva nas sutilezas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como se fosse filme, parece assistir a tudo mudando em derredor.
É impressão. Porque ela é parte daquilo que a muda e a faz parecer, aos olhos
alheios, impassível, inabalável, impalpável, intocável, mudando as brumas em
seu entorno, criando a aura de fascínio sobre si. Logo ela, que queria se
sentir mais flor-rosa.<o:p></o:p></p>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-37618061444350886102021-06-10T21:28:00.001-03:002021-06-10T21:28:46.659-03:00Não se assuste. As perguntas são pra doer, mesmo.<p> São tantos os dias passados, tanta intimidade com o espaço físico de casa que a gente se questiona quando ou por que nasceram todas as escolhas que nos trouxeram até aqui. Olhando naquele panorama "cósmico", tudo parece tão pequeno. Olhando pelo prisma da crença até a fé está parecendo insuficiente.</p><p>Sensação de aperto, de paredes fechando. De pessoas morrendo. De impotência. Se não é pelo vírus, é violência, é câncer. Tanta névoa na mente e na vista. Quantas vistas turvas a ponto de não saber discernir o caminho mais coerente. </p><p>Tantas pessoas.</p><p>Tanto direcionamento errado.</p><p>Se olhar nas páginas da História são muitos os episódios que deveriam servir de norte.</p><p>A bússola parece que está quebrada.</p><p>E tem muito que desconhecemos. Tanto.</p><p>E a gente busca um sentido no caos, mas até o Leste é difícil encontrar. A Terra gira mas a gente nem sabe mais a direção na prática. Muita gente perdeu seu chão, seu rumo, sua vida, seu amor. </p><p>As perdas nos cegam a ponto de nem sabermos de onde vem o amanhã, pra gente saber esperar, feito estação de trem. Tem a estação. Mas não tem trilhos.</p><p>[Mande notícias do mundo de lá, diz quem fica. Me dê um abraço, venha me apertar, tô chegando. Coisa que gosto é poder partir sem ter planos. Melhor ainda é poder voltar quando quero]</p><p>Não fique sem pensar qual era o seu antes e por que você se escolheu. Acho que é o tipo de reflexão contínua que tira a gente da ideia de achar que pode querer partir. Nada é mais sufocante achar que se está preso(a) quando tudo isto pode ter sido exatamente o que pedimos. Antes.</p><p>Eu queria saber. Você não? Porque aí a gente saberia se pode escolher. Mas eu queria notícias.</p><p>Eu queria um fim. Da pandemia? Não sei. Mas com certeza da dor.</p><p style="text-align: justify;">No final talvez a gente entenda que a grande alegria seja tão somente estar vivo.</p>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-35899339240896454622021-04-22T15:51:00.001-03:002021-04-22T16:01:19.353-03:00Melancholia, bile negra.Aqueles dias em que a sensação de segurança e vida estão no abraço escuro da melancolia.<div>Faça seus deveres.</div><div>Cumpra com horários.</div><div>Atenda a uma agenda.</div><div>Inove.</div><div>Sorria.</div><div>Grave.</div><div>Escreva.</div><div>Mas me coloquei tão pouco nas palavras que sempre foram o meu corpo que vou me esquecendo de mim.</div><div>As pequenas coisas que sempre me preenchiam. Escrever no fluxo, ter meu espaço e momento.</div><div>Cumprir com deveres nunca foi meu problema. É como um botão que liga e eu vou lá, ser o meu melhor e apresentar o que descobri com toda empolgação do mundo pra ver se outras pessoas se sentem impelidas a sair assim, mostrando o que aprenderam ou descobriram com fascínio.</div><div>Essa paixão me tem faltado. Tem dias que preciso me escurecer um pouco. Aquilo de encontrar suas sombras para se recompor. </div><div>Mais de um ano e se recompor se tornou um exercício diário de derrotas, frustrações e medo em escala crescente.</div><div>Eu sonho à noite toda noite. Sonhos estranhos. Já teve até um número especial da revista Cult sobre as incursões oníricas.</div><div>Tanto nos falta, tanto nos esgota, temos pouco excedente. Mas o que a gente oferta ao outro é tudo o que nosso coração pode pensar em se desprender.</div><div>E eu? O que sempre tive a oferecer, são palavras.</div><div>E até elas me faltam. Correm-me pouco no corpo porque já ultrapassei aquele desejo de ser. Só quero caber.</div><div>E o abraço no escuro. Meu chão, meu abrigo.</div><div>Estou cansada. Talvez seja a frase que a maioria das pessoas diga e ouça atualmente. A exaustão das telas é real. Mas pra gente como eu que se alimenta do que alimenta a mente, está exaurida porque o que nos é ofertado é muito superior à nossa humanidade de consumir.</div><div>Eu quero consumir muito. Visões, leituras de pessoas, de entrelinhas, música, som, arte, luz que é som, cheiro que é toque na pele. Alimentar a alma.</div><div>Tantas perdas e dores que acabamos por sentir como nossas - porque não esgotamos o choro das perdas, como a nossa particular de fevereiro. A cada notícia eu sinto como se o estivesse perdendo de novo. Todos dias.</div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZO5MAW8pvjF6uFOzb0d_SgisfGKaEhY7JxM7BReRMnNvxkPxTMCrFG70wm1DdOpEgehp5gEFZCLlfOTRiDpQjja2DPn3_s3u2gZzWtfCQRteuXCngWaiqj2zsS4qoRXBWdeXHD8ick2qG/s1600/1619117490369391-0.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZO5MAW8pvjF6uFOzb0d_SgisfGKaEhY7JxM7BReRMnNvxkPxTMCrFG70wm1DdOpEgehp5gEFZCLlfOTRiDpQjja2DPn3_s3u2gZzWtfCQRteuXCngWaiqj2zsS4qoRXBWdeXHD8ick2qG/s1600/1619117490369391-0.png" width="400">
</a>
</div><br></div><div>O que senti foi impotência, ele que tanto confiava em mim e eu, que o estava esperando retornar daquela UTI. Nunca precisei explicar pra ele como era importante tomar a vacina. Ele perguntava quando iria tomar. E eu dizia q seria o primeiro a tomar qd chegasse em casa. </div><div>Ele chegou em casa. Eu sei no meu coração que ele sabe. De todos os "eu te amo" que eu dizia, eu só quero que ele me espere. Pra eu saber como foi esse depois. </div><div>Eu sempre tentando chegar a tempo. Pras chegadas, pras partidas. Mas sempre vou ficando.</div><div>Sempre vendo quem perde, perco de novo um pouco dele por me sentir tão incapaz. Tão incapaz.</div><div>Por isto todos os dias cumprir agendas.</div><div>Faça seus deveres.</div><div>Cumpra com horários.</div><div>Inove.</div><div>Sorria.</div><div>Grave.</div><div>Escreva.</div><div><br></div><div>Eu não aguento mais.</div>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-40130525359795497422020-06-03T20:43:00.001-03:002020-06-03T20:51:31.242-03:00Um experimento sobre se aproximar de tudo o que parece confuso demais ou Pandemia da pequenez.A gente teve que ficar em casa. Não por escolha. Pelos outros. Menos corpo, mais mente. E neste afã de corresponder à demanda crescente e reprimida de produtividade na era do "results right now", sem verdades fixas, mas quando toda e qualquer pessoa poderia exprimir sua opinião, mesmo que não fundamentada em nada minimamente plausível, mergulhamos. Nas redes. Online. Na palma da mão viramos androids. Aqueles que tem as respostas na ponta dos dedos, pacotes de dados e dados lançado sobre a sorte de bilhões de habitantes em um pálido ponto azul. Antes Sagan fosse ouvido ou lido mais vezes. Precisamos redobrar a atenção sobre a educação dos filhos - aquela educação que é terceirizada pela família: do básico, fundamental ao superior. As famílias precisam conviver. Entre pelo menos 24 horas por dia enquadrados nas telas touch-screen e carregadores nas tomadas, oscilamos entre os earbuds, caixas de som bluetooth, lives, videoconferências, e-mails, redes sociais, comida, exercício físico, saúde mental, limpeza, usar máscara, higienizar as mãos, usar água sanitária e lavar o sanitário todas as vezes que usamos o banheiro. Número 1, número 2, não importa. Fazemos isto porque o cuidado com a gente é cuidado com o outro. Na presença e na ausência. E quem diria que um vírus, que ninguém chega à conclusão que seja ao menos considerado um SER, chega a ponto de competir com a paupérrima espécie <i>sapiens</i> pelos holofotes. Que doença essa do humano ser o centro do universo! Por muito menos a Ciência sentou naquela cadeira do Tribunal do Santo Ofício, foi instada a se retratar, desdizer o dito e registrado mediante observação, experimentação, replicação - o digno Método... de centro o homem se doeu por ter que admitir que girávamos em torno do Sol que nem é tão estrela imensa assim (e poucos acreditam que faltam alguns poucos bilhões de anos pra ele morrer - calma, não estaremos mais aqui). É de ficar estupefato se deparar com tamanha pequenez! Mas o homem não se conforma e tem que competir com o vírus, pra ver quem ganha na corrida de "quem entrega mais pessoas para a miséria ou a morte". Reaprendemos a rezar. E de tanto reorganizar a agenda diária de casa e todas as tarefas e responder a tanta gente não esquecendo álcool e água sanitária, nossa pele está descamando. Será o sapiens réptil? Trocar de pele pode ser tanto a biológica quanto a ideológica. E quão frágil é a pele biológica. No final talvez só sobre a carcaça. Exaure o gasto energético de se resguardar, educar, estudar, produzir, informar, desconstruir, refutar notícias falsas criadas como quem reproduz pele. Quantas peles você tem? Todas as minhas personas estão cansadas. Talvez nem sobre mais. O cidadão de bem para provar que honra um mestre que morreu na cruz precisa afirmar o poder pela arma de fogo. Eu garanto que tenho força se puder provar que sou mais potencialmente mortal e forjo o respeito pelo medo. Antes o medo fosse só físico. Eu tenho medo das perdas. Não pela minha vida. Às vezes ela nem importa. Do que você tem medo? Me perturba ter que pesquisar todo conceito e manchete que aparece porque parece que o medo das pessoas é não ter onde se encaixar - como se só existissem dois polos. E nem é assim. Nas entrelinhas que está sempre a resposta. Você sabe responder? O segredo de tudo é sempre saber construir a pergunta certa. Ganha quem cancela o outro com um pergunta mais vexatória e desmoralizante. E todo o gado vai atrás. Você também tem a sensação de que perde a identidade de vez em quando? O home office só existe para quem não tem o mundo inteiro para fazer em casa. Sobra muito pouco de si mesmo. Mesmo que você deixe tudo de si em tudo o que faz. No final, quem se lembrará de você e da sensação do toque de sua pele? A cor de nada importa. Não é ela que se traduz na voz ou em como o outro se sente com sua proximidade. Mas todos nos isolamos porque o vírus levar aqueles cuja vida nos importam muito é importante o suficiente para garantir que eles ainda estão aqui. Nesta dimensão. Mesmo que distante do toque de pele. Mas a gente aprende a tocar mesmo assim. Quaisquer músicas ou ritmos. E o dia passa. São quase quatro meses. Mesmo assim a experiência de estar consigo mesmo é impagável. Para alguns, uma necessidade em meio ao caos de tanta coisa dentro mesmo do universo da casa - um desejo alguns minutos a sós. Solidão é dádiva. Para outros, um pesadelo não viver as festas, os sociais postáveis nas redes, as experiências íntimas ou coletivas, o corpo-a-corpo, porque estar sozinho e em silêncio pode ser ensurdecedor. Solidão e pesadelo. Eu gosto da solidão-silêncio, solitude. Preciso muito sempre, inclusive. Isolada mas não só, não poderia querer companhia melhor para essa experiência histórica complicadíssima de narrar para minhas gerações descendentes nas décadas posteriores - quiçá haverá outra década ou se ainda haverá nós nesse novo normal. A mim tudo parece estranho demais.Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-55176522460931322802020-05-19T20:37:00.001-03:002020-05-19T20:37:12.016-03:00Primeiros momentos por vidasAquele cheiro, aqueles momentos<div>Tantas vezes primeiros</div><div>Só na lembraça o alento</div><div>Que os dias e a rotina carregam</div><div>Da cabeça deitada no peito</div><div>A horas de conversas sem freio</div><div>No toque leve e na ansiedade</div><div>Da proximidade das despedidas</div><div>Tanto tempo outro - por outros momentos:</div><div>Outros primeiros.</div><div>A sensação de nunca ser suficiente o tempo</div><div>Do tempo rápido que em cada momento primeiro corria;</div><div>Para o tempo lento e arrastado do abismo entre um encontro e outro.</div><div>Como tudo abaixo do sol, o tempo de não separar mais chega.</div><div>E outros primeiros momentos diários</div><div>Como se um só momento a vida fosse,</div><div>Até que se achegue a próxima grande separação</div><div>A se juntar na próxima primeira vez em que se encontrarem de novo.</div><div>Toda nova vida traz de novo os primeiros momentos.</div>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-39375736507351747082020-05-16T15:59:00.001-03:002020-05-16T15:59:40.994-03:00Exercício com músicaAinda gosto de preparar a concentração pra estudar ouvindo música. Costumo gerar algumas imagens mentais dentro de determinado cenário, ou que flua nos versos ou no assunto cantado. Muitas vezes ensaio reações imaginárias pra determinado ponto dramático. Com você também acontece isso? Aí vc repete só aqueles 3 segundos umas 6 vezes - só pra assegurar que a mensagem foi passada com a ênfase adequada? É, comigo isso acontece também. E repito a mesma música várias vezes ao dia e provavelmente nos 6 dias seguintes.<br />
[A whole new world, a hundred thousand things to see... I can't go back to where I used to be]<br />
Dentro dessa bolha músico-espacial eu me transporto pra alguma ocasião - imaginária ou não, do passado. Usando do artifício da subjetividade, mudo aquela lembrança. Lá no hipocampo. Passo um corretivo, uso uma caneta diferente, reescrevo, ou crio coisas períodos novos. Enquanto a música corre. Aí volto pros pés no chão. Ocupo de novo esse corpo que tem abrigado essa confusão e sentimento constante de desencaixe e desentendimento com qualquer contexto que esteja posto.<br />
Está chovendo agora. E provavelmente nos próximos dois dias. Aqui dentro a tempestade é real. Lá fora pode nem ser.<br />
[but when you move like that I just wanna stay]<br />
Música tem isso, de ajudar a gente a se sentir como uma personagem diferente. Entre todos os circuitos percorridos das melodias em toda a extensão nervosa, no límbico, orbitofrontal, temporal e occipitoparietal, talvez o que curta mais seja algum que nem saiba como é que funciona, me tire de onde estiver.<br />
Não bebi. Hoje não. É só exercício de fluxo, mesmo. Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-28718480895673492162020-05-15T14:42:00.001-03:002020-05-15T14:42:10.835-03:00E se o tempo passasse e mudasse algo?<p dir="ltr" id="docs-internal-guid-f89e270a-7fff-ee36-20dc-2de8ec425ffd">Eu deixei passar. Abri a aba do blog algumas vezes, fiquei com pena, mas respeitei o espaço dele como um ser vivente e não o apaguei. Reencontrei a necessidade-possibilidade de retomar a escrita terapêutica sentada no meio-fio da calçada da minha casa num dia que eu voltava da caminhada da tarde. Pensei "por que não trazê-la de volta?". Chamei pra entrar de novo, com muito receio. Pelas tarefas pendentes, pela fase de vida que é tão diferente de todos os posts anteriores que parece que falamos de uma outra temporada nessa grande série chamada Minha Vida. E a de quem não mudou drasticamente?</p><p dir="ltr">Pensar em mim. Tem sido aprendizado, junto com toda aquela parada de autoconhecimento, busca, leituras, aceitação de mim e das possibilidades de retorno a um silêncio da alma, anterior ao ser.</p><p dir="ltr">Então deixei o tempo passar. Casei, tive filho, ressignifiquei o amor na minha vida diversas vezes - fora do campo quantitativo para a grande pulsação da qualidade, até saber que ele próprio - o amor, é de constantes mudanças e aprendizado. Temos hoje nossa casa, aqueles grandes sonhos de vida realizados. </p><p dir="ltr">A caminhada acadêmica tem rendido esses momentos de desconhecimento de si, de questionamentos sobre "e se esse é o meu caminho, por que não também outro?". E doutorado em Ciências Fisiológicas agora. Tanto aprendizado e tanto prazer nisto.</p><p dir="ltr">E veio a pandemia. Um muro entre o que éramos e o que planejávamos ser. Tudo é passado. Se o novo ano de 2020 prometia horizontes melhores que 2019, um vírus de comportamento ora ainda imprevisível nos trouxe uma realidade inelutável: encontrar afetos na solidão, no silêncio, na companhia uns dos outros dentro de casa. Cuidar de outrem signfica agora obrigarmo-nos a estabelecer distâncias físicas e provar que as conexões precisam transcender o corpo. Se parece profundo nas palavras, na prática é quase intransponível.</p><p dir="ltr">E quantas vezes me peguei pensando em desistir de tudo, num sentimento de vazio, de impotência e incompreensão! Aí tem filho, marido, família, que estão ali e significam segurança. E que vai passar. Nada bom ou ruim dura eternamente e Eclesiastes deveria ser a leitura da vida de todo mundo. O tempo é Mãe de tudo. Dos sentimentos contraditórios, das respostas tortas, mas que seguram-nos das decisões erradas. E eu olho e eles estão dormindo. O sono dos justos e inocentes, porque eles os são.</p><p dir="ltr">A gente se perde da vida que estava planejando ter e se fia no presente, se prendendo a toda espiritualidade e centramento de razão esperando o amanhã chegar. E todos os dias ele tem chegado e tantos amanhãs já viraram ontem. Tem sido 3 meses de mais aprendizado, azia, insônias e buscas que dos últimos 6 anos - em que este chão virtual esteve inabitado. Talvez sejamos mais fortes, mas estamos errados em ser resignados. Tanta resiliência e medo um dia deixarão o sapiens escondido dentro de cavernas de novo.</p><p dir="ltr">E penso - e quando pudermos sair de novo, quantos pensamentos de inseguranças e borboletas na barriga serão constantes? Eu tenho medo de pensar no dia de sair. Presa à caverna, o Mito de Platão. E a caverna é tudo aquilo que pode me dar a sensação (talvez errônea) de que não poderia existir outro caminho. Assim como ao mundo ocidental o capitalismo e materialismo não parecem ter alternativas - mas pode haver, desde que entendamos que esta é a nossa caverna. Ter, comprar, trabalhar pra ter o material mínimo para adquirir mais bens ou meramente pagar contas que alimentam um ciclo vicioso de manter um padrão ou alcançar mais bens e responder à imagem esperada pelas redes sociais dos milhões de seguidores contando acessos - ou precisando tirar capital mal se sabe de onde e às custas de que dignidade para simplesmente ter onde dormir ou colocar na barriga.</p><p dir="ltr">E senti falta de fazer algo que me desse algum prazer, ou pelo menos movimentar os dedos que estavam parados no teclado da minha consciência. </p><p dir="ltr">Alguns anos e ainda tenho pouca vontade de me olhar no espelho, de ter certezas firmes. Prefiro perguntar a ter que olhar. Mas tenho aprendido mais a precisar menos da aprovação alheia, sabendo que eu me sou e me pertenço. Às minhas metades me uno, identificamo-nos e nos estimulamos. Controlar é algo que hoje parece fora do nosso roteiro diário - e que bom. </p><p dir="ltr">Resolvi beber do tempo de parada e exercitar esse fluxo que teima em sair das formas menos construtivas possíveis. Deixar de ser dor e reencontrar o encantamento. Se estou pronta, não sei. Mas parar não é opção. </p>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-1539786620345854452014-10-23T17:30:00.000-03:002014-10-23T17:30:14.551-03:00De um dia qualquer aí que você acorda e lembra o que sonhou<div style="text-align: justify;">
Você acorda determinado dia com determinados resquícios de um sonho que bem que poderia ser a realidade, mas vai, escova os dentes, prende o cabelo debilmente, usando aqueles pijamas velhos, com a cara amarrotada, o coração cheio de angústias e o coração pulsante de ansiedade. Aquela ansiedade do "será que...". Será que amanhã o dia será tão repleto de questionamentos impronunciáveis como hoje, como ontem, como anteontem? Será que os sonhos podem ser replantados? Determinadas palavras que falamos fazem com que o que semeamos com todo cuidado, todo zelo, sejam modificados de tal forma que deixem de ter o mesmo significado. E mesmo que aquela determinada palavra seja uma união de letras aleatórias e sem o mesmo significado para pessoas diferentes. Será que você está me entendendo? Você está me entendendo que teimamos com todos os indícios de razão que circulam em nosso ser para que a maioria dos planos que vêm do coração deem certo? Você está entendendo que o esforço precisa ser constante para que se pareça ao máximo com espontaneidade e uma conspiração-dos-astros-a-favor-daquilo? Você está entendendo? Compreende que não importa o quão hígida seja aquela semente e todas as características físicas e químicas do solo e ambiente, se um dia você não olhar para o que foi semeado, ele vai morrer. Tudo morre se não for cuidado. Aí vem os sonhos de quando dormimos e trazem com eles de volta todas aquelas doses cavalares de emoções e possibilidades. Só falta a boa vontade de quando estamos despertos e a factual conspiração para que os esforços, estratégias, derramamentos de atitudes e iniciativas seja frutífera. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNDW6zwaaPddc0mK1CfEQv7JvdZlHTAWT1tN8pIyYunDLS3ah0cQeIymt-V7coqSYWyCUsAKpzrpSVaposBWRLlljSwVWeqrUwRCIb2pKtKLI4P9Pbq1GqWck3-RjjV5ZKKjBx6lLhR3_G/s1600/glastonbury-tor-glastonbury-somerset-england.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNDW6zwaaPddc0mK1CfEQv7JvdZlHTAWT1tN8pIyYunDLS3ah0cQeIymt-V7coqSYWyCUsAKpzrpSVaposBWRLlljSwVWeqrUwRCIb2pKtKLI4P9Pbq1GqWck3-RjjV5ZKKjBx6lLhR3_G/s1600/glastonbury-tor-glastonbury-somerset-england.jpg" height="209" width="320" /></a></div>
Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-45826342961631250512014-05-28T21:51:00.001-03:002014-05-28T21:52:03.536-03:00Como se a alguém interessasse<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Hoje foi um dia de algumas
conversas de pé de ouvido e de fundo de coração. Em dias assim acho que
aprendemos muito, sobretudo se continuamos pensando tantas possibilidades,
tantos “se” depois das conversas. Eu sempre penso. Eu <i>over</i>penso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sabe, sou dessas pessoas que
sabem o quão pouco sabem da vida e dos seus segredos. Sei menos ainda me
desprender do que tenho conquistado, porque sempre tive medo de me arriscar.
Tenho muito orgulho do pouco que construí. Sei que é muito pouco. Sei também
que é irrisório diante do tanto que gostaria que significasse para outras
pessoas, porque gostaria mesmo de fazer alguma diferença diante de tanta
ambição, competitividade, individualismo, interesses conflituosos que vemos
nesse mundão de meu Deus.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Passei a entender que quando os
desejos individuais se sobrepõem ao que é bom para outrem, a tentação de correr
atrás da possibilidade do crescimento individual é, como posso dizer... grande.
Aprendi que há uma grande probabilidade de, à medida em que evoluímos um pouco
rumo aos objetivos de vida (ou outras vitórias inesperadas e gratas), acharmos
que conquistamos um status nunca antes atingido por qualquer outra pessoa na
face da terra e podemos pensar que viramos estrelas. Corremos o risco de nos
supervalorizar – diminuindo os outros. Ou achamos com isso que as outras
pessoas tem a função ou a obrigação subentendida de nos servir. Irônico; sempre
achei que quanto mais aprendemos, mais precisamos ajudar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Acho que o segredo da humildade é
procurar saber sempre mais, mas saber que o conhecimento não nos eleva com
relação aos nossos semelhantes. Nem somos tanto que precisamos sobrepujar os
demais – nem somos tão pouco que devamos achar que todos nos pisam. Preciso
aprender muito mais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Entenda, se eu estou em condição
de ajudar – é-me um grande prazer ajudar. Se não faz parte das minhas condições
de contribuir e me sentir um ser humano melhor, é como se me aparecesse um
bloqueio: não me interessa. Nunca passei pela experiência de desgostar de
alguém apenas por aparências.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apenas aparências não me
interessam. Gosto do que faz sentir bem, o que faz sentir melhor, o que faz
sentir gratidão, reciprocidade. Gosto de cultivar bons sentimentos com relação
às pessoas; e quando é difícil fazer o semear florescer, simplesmente deixo que
o tempo se encarregue de consolidar o ciclo do carbono e da água naquele solo.
Deixo estar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sabe aquela linha de “tirar
satisfação”? Não sigo. Primeiro porque se no cotidiano, no trabalho, nas interações,
nas simples conversas, não se compreende ou não se constrói uma relação
harmônica, não é na lavagem de roupa suja que as diferenças se resolvem.
Normalmente o tempo é o maior ajudante. O ser humano não se possui, não se
controla, não se manipula. O ser humano se permite compartilhar. Apenas isso. Não
se controla o que eu penso, por exemplo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não entendo declarações indiretas
ou piadas despretensiosas. Ou vivo uma situação ou não a vivo. E quando a
vivencio tenho por direito a propriedade de falar sobre, de reclamar, de
elogiar, de aconselhar ou de deixar estar. Quando me decepciono, deixo estar.
Porque o tempo ou cura, ou apaga, ou deixa passar. Gosto de deixar maus
momentos adormecerem. Gosto de anestesiar o desconforto de parecer o
desconforto de alguém ou de alguma conjuntura de vez em quando. E aí o tempo é
meu e de mais ninguém. A ninguém interessa. Ou ninguém me interessa quando
reais problemas ou reais situações existem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sabe, às vezes quando saímos de
nosso microssistema, vemos grandes problemas de sistemas maiores, ou de esferas
diferentes da nossa vida, aqueles problemas do microssistema inicial parecem
tão pequenos que chegam a parecer simplesmente, dramas. Por isso tento evitar
fazer com que os problemas do meu microssistema se agigantem. Primeiro porque
não interessam às outras pessoas – e mais uma vez retornamos ao que falei
anteriormente: o meu tempo a ninguém interessa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Complemento: não são as
aparências, as posições, o status que me interessam. É ser gente. Só isso. Nessa
conversa hoje com uma pessoa que abriu o coração e me fez pensar muito, lembrei
o que venho pensando tanto há vários dias no meu processo de <i>over</i>pensamento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Você será sempre uma pessoa
diferente de todas as outras pessoas no mundo. Contudo, para cada pessoa que
você conhece, você tem um papel diferente. E você mesmo(a) se sentirá diferente
com cada pessoa. Para algumas pessoas, você será apoio, será um porto seguro.
Para outras, você será indefeso(a) e elas serão o seu maior conforto. Você
tentará a todo custo, aproximar-se de outras pessoas, mas não se sentirá
confortável. Com outras, não será necessário qualquer esforço; a sintonia flui.
Você precisará de algumas pessoas como o ar que você respira. Outras passarão pela
sua vida e sairão naturalmente, como entraram. Algumas pessoas serão um borrão
na sua memória com o tempo – não porque você queira, mas porque a memória não é
a mesma para todas as pessoas. Assim como você mesmo(a) será um borrão na
memória de outrem. Mas você precisa criar vínculos. Você pode ser o vínculo de
alguém com a vida. E você pode e deve precisar de alguém que represente um
vínculo com a vida para você.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os seus erros você pode consertar,
nem que seja com boas realizações com relação a outras situações. Por que não?
Eu tento consertar os meus de todos os dias ou antigos todas as horas a todo o
momento. Como se simplesmente viver fosse um erro em determinado momento – em um
ciclo <i>ad aeternum</i>. E quando algumas situações parecem indissolúveis, deixar
estar ajuda. Se os erros alheios antigos ou presentes entravam algo que eu sou,
não é ao outro que eu vou tentar mudar. Talvez seja a distância entre esse
contexto e eu que deva estar pequena. Não se muda ninguém – nem força divina
alguma jamais me deu o poder de achar que devo mudar alguém. O que se muda é
como eu vejo as pessoas ou como os contextos são tangíveis a mim. Tenho
tendência a me afastar, por instinto de defesa, do que me incomoda ou do que me
machuca. É como o fogo. Não sei você, mas eu me afasto. Sobretudo quando não
sou eu quem ateia o fogo. A ninguém o meu tempo interessa.<o:p></o:p></div>
Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-29706669233526494562014-03-10T20:47:00.000-03:002014-03-10T20:47:07.375-03:00Um monte de pensamentos soltos, ou Há uma ligação entre tudo isso.<div style="text-align: justify;">
Há sempre alternativas - mesmo quando achamos que a vida força a gente a pisar na linha entre um quadrado e outro do piso da calçada quando estamos andando prestando toda a atenção para não bagunçar todas as forças universais que mantêm a Terra em sua órbita e o campo magnético do planeta. As alternativas que lhe foram ofertadas hoje são consequências de escolhas que você fez há uns cinco anos atrás, por exemplo. Particularmente eu tento guardar os descontentamentos das minhas escolhas malfeitas pra mim mesma, até que tem semanas que estou engolindo todas as escolhas da minha vida ao mesmo tempo - igual a comida ruim que você tem que mastigar e fingir que está gostando e fica inchando dentro da boca, sabe?</div>
<div style="text-align: justify;">
Aí vem uns dias que temos mesmo vontade de sumir - e acabamos sumindo de nós mesmos. E quanto mais nos esforçamos, mais o bolo dentro da boca incha.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estava aqui pensando: com que frequência as pessoas se olham no espelho e se sentem convictas de sua beleza? Ou a frequência hoje em dia de a pessoa se sentir mais pra baixo, ou menos interessante é maior a cada dia que passa? Eu não sei pra onde o mundo está indo. Mas quando eu pisei na linha do quadrado do piso hoje, tive a certeza de que a semana começou me sacudindo de um lado pra outro que minha cabeça quase explodiu de tanto que os macaquinhos se mexeram aqui dentro. Arrisco dizer que ouvi trovões, ou foram os carros na rua. O calor poderia estar enorme, mas senti frio - porque a solidão parecia mais palpável naquela hora. Se você liga a televisão não tem nada que faça você acreditar que o mundo não está rotacionando no sentido contrário. Ora, há aviões sumindo no nada, há rumores de guerra, há direitos humanos para homicidas e nenhum direito, sequer humanidade</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfZDrr-8gyLBpuuQkhaY7CEcNaq32NKiKy3JSrzgCibCRw4iZQahpS41OI5NZSWkS78qH4kwGHxdd02AdIqBQ8UOny81Y_EAB4JULsiF9fIgBcIPFkcYHlEOiLSUb_LWwAdUEkSjF1mZIY/s1600/tumblr_mnk08bliou1qdgauwo1_1280.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfZDrr-8gyLBpuuQkhaY7CEcNaq32NKiKy3JSrzgCibCRw4iZQahpS41OI5NZSWkS78qH4kwGHxdd02AdIqBQ8UOny81Y_EAB4JULsiF9fIgBcIPFkcYHlEOiLSUb_LWwAdUEkSjF1mZIY/s1600/tumblr_mnk08bliou1qdgauwo1_1280.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
ou segurança para quem sai de casa querendo trazer comida pra casa. Há gente andando sem rumo nas ruas e tem gente que procura um rumo a vida inteira e não consegue nem encontrar o caminho de volta pra casa - de repente porque nenhum lugar neste mundo seja realmente um lar a não ser o coração de outra pessoa. Não sei. Estou falando aqui ao vento porque tem muita coisa solta que não consigo ligar, nem costurar. Talvez só soltando possa ajudar em alguma coisa, igual a pipa - que eu nunca soube soltar. Não que eu quisesse. Sempre tive medo de me machucar com brincadeiras aparentemente inocentes. Agora me diga você: quantas vezes você pulou na vida sem medo de se machucar? Você ao menos pulou? Não que eu tenha pulado, ou que eu vá pular, porque eu sou feita de medo - das mudanças, dos riscos, dos saltos. Só queria saber como é pra você.<br />
<div style="text-align: justify;">
Sabe os riscos? Então, nunca gostei de passar por eles. Por isso que o chão é sempre a alternativa mais segura. Nunca gostei de voar. E talvez nunca venha a gostar. E se me dessem um relógio, um lápis com caderno, sapatos ou roupas novas, eu sempre preferiria o lápis com caderno. Ora, são alternativas. Sempre escolhi o mais seguro, mesmo sabendo que as alternativas podem ser exploradas, que se pode pular com pára-quedas, que se pode mudar de lugar e continuar sempre a mesma. Talvez seja mesmo a dificuldade dos que se buscam - saber que se pode ser um lugar no mundo, independente de onde esteja.</div>
<div style="text-align: justify;">
Amanhã é um outro dia, para outros quadrados e outros cuidados para não pisar na linha.</div>
Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-89081578627258606662013-05-17T16:15:00.001-03:002013-05-17T16:15:24.306-03:00Anti-epifania<div style="text-align: justify;">
Tem dias que se arrastam - mais que os outros... tem horas em que é inevitável reavaliar algumas decisões anteriores, algumas formas de ver a vida que se tem modificado, dadas as condições. É preciso mudar, é preciso tomar posições que antes pareciam tão distantes, tão intangíveis. São tantas concepções que precisam de uma lapidação. E tantas coisas indizíveis, que temos impressão que vamos passar a vida inteira nos fechando cada vez mais, engolindo outras coisas que por ora parecem insignificantes. As palavras não ditas, os sorrisos abafados, as atitudes presas. Porque tem sim, coisas indizíveis, pensamentos impensáveis, sons inescrutáveis da própria mente, planos que morrem para dar luz a outros e necessidades que morrem para não haver nada depois, só para não quebrar a harmonia. Tem apertos no peito que são impossíveis de serem sentidos por outrem e tem apertos de outrem que carregamos a vida inteira como nossos. Tem dores alheias que sentimos como nossas próprias - e tem as nossas próprias dores que não podemos compartir com mais ninguém, porque são nossas mais íntimas construções, o entrecruzamento de decisões, consequências, processos subjetivos, nosso eu e o que somos ao mundo.</div>
Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-65842533716794539092013-04-12T09:25:00.001-03:002013-04-12T09:25:14.341-03:00Sobre pensamentos avulsos e escolhas.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dos maiores nomes na Ciência que eu acho é Marie Curie, que
sofreu consequências seriíssimas a custo da própria vida em função de seus
estudos. Acho, além de outros fatores, que isso define a importância das escolhas
que fazemos na vida e as consequências destas escolhas – sejam elas boas ou
ruins (as consequências, digo). Poderia passar o dia inteiro discutindo
frustrações e decepções, de situações, de contextos, de pessoas – e essas
conclusões são quase que diárias. Poderia passar o dia inteiro das coisas que
gosto de fazer, que me sinto bem observando, vivenciando, ou conhecendo, porque
gosto de conhecer lugares novos, pessoas novas, situações novas, novos
conhecimentos, porque sempre gostei de procurar. Sempre soube das dificuldades
que minhas escolhas me imporiam, assim como sempre soube da responsabilidade de
fazer algo bem feito, de imprimir dedicação e compromisso às atividades.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe65KL6p4hl66ptiMRJ0eAt4xlQFUUTijmTaEEwJHYNqlmaQbMRbwJdUA8t2vsM8VuosdbKSfFut0GVy0ECkIOnXTg_gKe__joi-t2xm6WxBK8_qqo-CucgeBGRhXJpp7Ceho0cteFlDJp/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe65KL6p4hl66ptiMRJ0eAt4xlQFUUTijmTaEEwJHYNqlmaQbMRbwJdUA8t2vsM8VuosdbKSfFut0GVy0ECkIOnXTg_gKe__joi-t2xm6WxBK8_qqo-CucgeBGRhXJpp7Ceho0cteFlDJp/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Saber que os sucessos e insucessos andam lado a lado indica
que o indivíduo deve ser sabedor também da parcela de responsabilidade e suas
escolhas e seu esforço na consecução dos objetivos de vida. E não desistir,
porque a vida nunca foi fácil e não sei quem inventou que o seria. Mas é fácil
nos conhecermos, a autopoiesis, de que já vi Maturana, Capra e Deleuze falando.
Buscar, produzir-se, conhecer-se, amadurecer-se, avaliar-se, criticar-se.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tem gente que faz do estudo um modo de vida e tem gente que
faz da vida sua única escolha – e que bom que há quem consiga associar o
bem-viver à vida acadêmica. Como sempre tive interesses e conhecimentos muito
delimitados, aprendi também a julgar menos e tentar compreender mais cada
situação, cada contexto, no entendimento do que depende ou não de minha alçada –
e quando depende é ali que dou o meu máximo de dedicação. É como eu disse
anteriormente: as escolhas são de cada um, assim como as consequências das
mesmas. E cada um tem o seu papel: o amigo, o pai, a mãe, o irmão, o vizinho, o
estudioso, o bom vivant, o engenheiro, o enfermeiro, o professor, o estudante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sobre Marie Curie, a descoberta do Urânio e sua importância
no Raio-x: era só uma observação, mesmo, porque amanheci lembrando de boas
descobertas que surgem do interesse e da busca que a individualidade e o desejo
interior nos impulsionam.<o:p></o:p></div>
Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-24332132783014765702012-10-21T21:16:00.001-03:002012-10-21T21:16:03.224-03:00Demanda-te<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpS2hWhkfrt6NunG7iOgpQPkFLRRKvhFdAqAOou_WAoIAkFDBPSnHRiXpHqJj_gprPg8gHVxydbNaImxpaLEKbq-sHzRTDZVKkQ2GkSEUKwOJYBLvNKJSmLqASAKWugTPSU0wuqVWHKTqe/s1600/aphrodit.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpS2hWhkfrt6NunG7iOgpQPkFLRRKvhFdAqAOou_WAoIAkFDBPSnHRiXpHqJj_gprPg8gHVxydbNaImxpaLEKbq-sHzRTDZVKkQ2GkSEUKwOJYBLvNKJSmLqASAKWugTPSU0wuqVWHKTqe/s320/aphrodit.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Come teu pão, bebe teu vinho, toma tuas trouxas, banha-te nas águas caras, lembra-te da clareza do viver, dorme no conforto da quimera alimentada com a ambrosia na divindade de que não advéns. Mela-te, consome-te, afoga-te em ti mesma. Aspira os ares da paixão que consome a carne e depila a alma. Limpa a alma. Come o amor. Bebe o carinho. Despe a casca. Cheira o cerne. Toca o desejo. Dirige o corpo, cozinha o prazer, entorna o arfar, embebe a pele, toma a maçã, descaroça os gostos, perfuma as reentrâncias, hidrata o amor, respira a necessidade.</div>
Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-78511824831772042712011-08-20T22:48:00.000-03:002011-08-20T22:48:51.779-03:00Epifania ou sobre os percalços do que é amar com desprendimento.<div style="text-align: justify;">Torna-se até repetitivo, chato sentar para escrever e ler sobre amor. O problema é que para mim escrever é terapia e não importa se o blog é pra ser lido ou visto, ou se precisa ser esteticamente lindo e vendável. É minha terapia e não preciso me preocupar com a casca sobre o que é de minha restrita importância.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFpxZMiJIZ-tpyJftEA9Qc5_vOoTDVfzJfiVpjuIPF88jp2pNP6et6Yxt2KB-2uBYcLZ9CjooLQOA4vtHUXRL7R17Iyu-pZSRDZEzmg3kpZNP1TUQrF2uda9doIqOzLYrLy8MwhJnAiQu5/s1600/DSCF5204.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFpxZMiJIZ-tpyJftEA9Qc5_vOoTDVfzJfiVpjuIPF88jp2pNP6et6Yxt2KB-2uBYcLZ9CjooLQOA4vtHUXRL7R17Iyu-pZSRDZEzmg3kpZNP1TUQrF2uda9doIqOzLYrLy8MwhJnAiQu5/s320/DSCF5204.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;">Daí que mexe e remexe eu volto para falar de amor. Não porque mudou, mas porque sempre presente. Crescendo e duvido se amadurecendo, aprendi que ele se manifestará de várias formas com várias pessoas diferentes ou iguais entre si, nunca mantendo os totais opostos juntos mas porque o amor une as pessoas sobretudo pelas semelhanças, senão mesmos valores. Aí quando os valores mudam conforme necessidades ou círculos, as pessoas tendem a se afastar - quando as discordâncias representam que detalhes superam a tolerância.</div><div style="text-align: justify;">Tenho com meu núcleo familiar uma relação de interdependência que beira o conceito de patologia, tamanha é a "pregação", entende? De sugestões, de palavras desferidas depois do silêncio que magoam ou que ajudam, da necessidade da união dos quatro independente de qualquer coisa ao incômodo do meu silêncio sobre eles. Sempre curti essa onda de responsabilização, buscar irmão na escola, comprar pão, fazer a janta todo dia, arrumar as camas, saber se todo mundo já tá tomado banho pra ir pra cama, sempre curti sofrer por antecipação, também, mas isso nem vem ao caso nesse exato momento. Meus pais sempre reclamaram que eu nunca persisti em algo até o final desde criança, aquelas atividades físicas, sabe? Mas nunca disseram a eles que as minhas escolhas eu faria desde adulta. Daí que aprendi invariavelmente a nunca mudar a rotina, porque a rotinização me apraz - porque posso controlar. E porque gosto de construir a minha rotina. Fechar as portas antes de dormir é quase uma coreografia, tamanho é o costume e a ordenação de portões, cadeados e chaves. Depois sempre sento no meu cantinho do sofá ou venho pro meu quarto. Temos sérias discordâncias pelo choque de gerações, mas ao adolescente mais arisco eu aconselho a dançar na vibe que depois muda as coisas conforme o adequado. Nunca faça tudo o que quer simplesmente porque quer e porque "tem mais de 18 anos pode fazer o que quiser da sua vida". Não importa qual a sua idade - você nunca será maduro(a) o suficiente para as besteiras da vida, principalmente quando da impulsividade ou prazeres da carne. Daí que para mim a família é um campo sacramentado. Ninguém toca, ninguém fala. E se eu não gosto de alguma coisa não gosto e pronto, mas não falo e nem permito ninguém falar. O mesmo digo para eles.</div><div style="text-align: justify;">Preciso daqueles que são de mim porque não sei se posso viver sem eles, então nos dependemos para não nos perdermos nesse caminho da vida. Não sei se por medo da morte em si, por medo da solidão, por medo da dor.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtkz50nF3WX3NbExPVYQNj9abichDUqk4HTpmvoDwE5riSFiOSl1nofwTkzGGDkR8EbYBTPzKftUq2dv-YBw2JcnLMm8cbXgdgluGPgknIe84xQW1kET9i79yAgtDE7TqpuhUqQRQFc3eN/s1600/love_poster_by_annaOMline.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtkz50nF3WX3NbExPVYQNj9abichDUqk4HTpmvoDwE5riSFiOSl1nofwTkzGGDkR8EbYBTPzKftUq2dv-YBw2JcnLMm8cbXgdgluGPgknIe84xQW1kET9i79yAgtDE7TqpuhUqQRQFc3eN/s320/love_poster_by_annaOMline.gif" width="213" /></a></div><div style="text-align: justify;">Toda dor de amor é sublime, dizem. Para mim qualquer sofrimento ensina, mas endurece a gente. Deixa a pessoa mais séria, mais reclusa, mais escusa com novas relações, deixa a pessoa mais só, mais difícil de ser cativada. Love is a battlefield, diz uma música que adoro. Viver amando é bem isso mesmo. Viver é aprender a não ser atingido de morte. Pelos outros, pelas palavras, pelo amor em si, pela aspereza, pelo trabalho, pelos carros, pelos mísseis.</div><div style="text-align: justify;">E de repente você aceita os defeitos, limitações e "pré-conceituações" das pessoas que ama. De repente eles/elas esquecem que existem outros seres humanos diferentes, com limitações, também, mas assumem como intoleráveis. E você percebe que elas mudaram.</div><div style="text-align: justify;">Com sua idade vem o trabalho, os filhos para alguns, as importâncias, novas amizades, e o tempo se resume ao horário da noite entre o chegar em casa e criar coragem para tomar o banho e ir dormir para começar um novo dia, uma nova semana. Começar o papo com Deus e ficar perguntando a Ele sobre os seus amigos, como eles estão, que Ele os ilumine, que cuide, que guie. Aí o coração aquece e nas noites de insônia dormir é a grande vitória, esperando pelo velho desejo de dividir a dormida e os sonhos com um outro alguém que não seus dois travesseiros e seus três lençóis.</div><div style="text-align: justify;">De vez em quando ver alguém querido lava a alma, renova o espírito. "A solidão é fera, a solidão devora, é amiga das horas, prima-irmã do tempo, que faz nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração (Alceu Valença)". A contemplação da individualidade ajuda, mas desgasta a casca.</div><div style="text-align: justify;">Tem dias que não curto trocar palavras - já disse isso por aqui antes. Mas é parte de mim. Que culpa o resto do mundo tem de querer contato comigo? Aí atendo; com um peso nas costas, mas quem está do outro lado da linha é mais importante que meus maus-humores que às vezes duram mais que os dias que eu desejaria que durassem.</div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh48GFQoe9_y1lrDwhB3Kb8KvtkVN7mqiA54eZSHQyDqdlznEq_fXG_QtxDXHjmz2BNEtrB35Q-8mtDE-PmEVoLv_eCd5Pno-_l0PObeudXpFb9jQGUpalGVwwM1llJcnbPbHNS08unrKas/s1600/tumblr_li6m1c7PHr1qzsb00o1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh48GFQoe9_y1lrDwhB3Kb8KvtkVN7mqiA54eZSHQyDqdlznEq_fXG_QtxDXHjmz2BNEtrB35Q-8mtDE-PmEVoLv_eCd5Pno-_l0PObeudXpFb9jQGUpalGVwwM1llJcnbPbHNS08unrKas/s320/tumblr_li6m1c7PHr1qzsb00o1_500.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;">Tem gente que é tesouro na sua vida. Tem gente também que transforma o tesouro que você guarda em lixo com simples palavras. Porque as pessoas mudam e aceitar isso é o verdadeiro desafio - justamente aquela onda de desviar dos mísseis. Ser atingido de frente pela vida dói, sufoca; você se afoga em si mesmo. Porque ser amado é fácil, sobretudo raro; cuidar e amar com os "apesar de.." é que dificultam. Porque desviar dos mísseis demanda desprendimento e intenção de atacar o alvo quando se sente ameaçado. Atacar para amansar. Porque amar requer estudo de campo, estudo do outro e das estratégias de guerra.</div>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-5024914948766990352011-07-25T21:48:00.000-03:002011-07-25T21:48:46.803-03:00Do no harm. Não faça mal.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAxGwBqf12O7Nqg7OOYOUWj_pTzPXOup1DdeMjmGX2OMIctIo2fqyOOluAiV0wIpkLUdo_6TDqn_DyfU1u5gaKN4f9c0ypru4vkxtqQeFrMPU1JoZHOpXyBmLrMH09rkx1YmuyiT_CaEwt/s1600/Do-no-harm.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAxGwBqf12O7Nqg7OOYOUWj_pTzPXOup1DdeMjmGX2OMIctIo2fqyOOluAiV0wIpkLUdo_6TDqn_DyfU1u5gaKN4f9c0ypru4vkxtqQeFrMPU1JoZHOpXyBmLrMH09rkx1YmuyiT_CaEwt/s320/Do-no-harm.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Qual que é geralmente a sua maior mentira? A minha é suprimir a tristeza que é inerente a minha pessoa só para ver meus congêneres felizes. Porque muito de mim mesma pode ser relevado por de fato não influenciar diretamente na vida de ninguém ou do que eu faço para viver. Sabe aquelas épocas em que verbalizar vai se tornando pesado de novo? Então. Do no harm to yourself nor the others.</div>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-22040336210528740722011-07-01T21:40:00.000-03:002011-07-01T21:40:29.370-03:00Só algumas opiniões.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWLlv6m3mK4Dd4VHekzu8cI2qJiZmb0DtAj0Y-5vFEL7TypLKOfrFUNiIxRpXRSn-wIgd6dLqeCPX-yjIsd-w2WYxNRWFmdbRdV1zwOuA2b9ls0O4rJtbCIEJKZutB2f1HORcDaiOnxcfX/s1600/DSCF3982.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWLlv6m3mK4Dd4VHekzu8cI2qJiZmb0DtAj0Y-5vFEL7TypLKOfrFUNiIxRpXRSn-wIgd6dLqeCPX-yjIsd-w2WYxNRWFmdbRdV1zwOuA2b9ls0O4rJtbCIEJKZutB2f1HORcDaiOnxcfX/s320/DSCF3982.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;">A sensualidade está nos olhos de quem vê. Gostos pressupõem predisposição ao risco, ao desprendimento e ao conhecimento do novo. Sabedoria existe na concepção de quem ouve/lê/vê. Sofrimento só dói se for sentido por uma só pessoa. Problemas sem soluções só existem enquanto se gasta muito tempo procurando-as. Incômodo persiste quando você deu asas para ele previamente. Solidão de espírito só machuca se não for degrau para o autoconhecimento. Fome genuína só existe quando a ausência total é a palavra de lei. Segurança não se garante apenas quando se tem o controle das chaves de todas as portas. As pessoas são inimaginavelmente diferentes umas das outras e é preciso que se aceite isso. Amar é liberdade conscienciosa das virtudes e sobretudo, dos defeitos do outro.</div>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-18077804252414471972011-06-30T12:13:00.000-03:002011-06-30T12:13:18.551-03:00Do continuum que são os dois, Ou ela precisava ser ouvida Parte II<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Do caminho do café que freqüentávamos perto de nossos empregos resolvi pegar um rumo que me desse resposta para tantas perguntas na minha cabeça. O silêncio tem o peso do mundo quando nele jazem todas as palavras que você não tem forças para exprimir – porque ferozes.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Poucas vezes na vida experimentei a sensação fantástica de não precisar dizer qualquer coisa a 20cm de distância de uma pessoa; ele me olhava e entendia – assim, sem julgar, sem criticar, nem cobrar, sem beijar para que eu parasse de falar/pensar. <span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Simples assim, confortável.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYSQEJHSqyJG0uB2lAO54OdooJrJCFgGe8w6_BLwZiDsX-roI2nspr36OhKfBb8a-C_7O0uRZBYD363ZSIavu3Ch9VhOCVSa9MBclGXlbfIuAZvvHrHz9u7a7s8zNfV-Cq4bKTM4OZZkbZ/s1600/auger.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYSQEJHSqyJG0uB2lAO54OdooJrJCFgGe8w6_BLwZiDsX-roI2nspr36OhKfBb8a-C_7O0uRZBYD363ZSIavu3Ch9VhOCVSa9MBclGXlbfIuAZvvHrHz9u7a7s8zNfV-Cq4bKTM4OZZkbZ/s320/auger.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">[No one knows except the both of us. This won’t work now the way it once did. I spent so much time in survival mode]<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">[Who doesn’t long for someone to hold?]<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">O conforto sufoca quando se aprende a viver nas adversidades. Ele é o meu conjunto: carne e encanto. Em um momento de nossa rotina eu tive um devaneio que me trouxe num lampejo de obviedade a certeza de que aquilo tudo era absoluto, era certo, era concreto, era seguro. Assustei-me. Ou não é direito de todo ser humano ser refém de seus sentimentos? Ou não é prerrogativa da mulher desconfiar de qualquer apresentação de certeza que se apresente em frente a ela?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">[Anyone who can touch you can hurt you or heal you. Anyone who can reach you can Love you or Leave you]<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Da abstinência de carinho em que eu vivia antes de conhecê-lo, até ser englobada por braços firmes, passei pelo doloroso processo do desprendimento de todos os meus costumes, manias e velhices da solteirice que parece infinita. Abri mão do meu sagrado silêncio no balcão do bar tomando minha dose semanal refletindo sobre novos personagens, contrariedades familiares e nos corredores de meu edifício interior: meus segredos, minhas alegrias, meus defeitos tudo ali, guardado, para ninguém conhecer. Precisei me desfazer do meu mundo só meu e deixar que ele construísse o seu próprio, dentro de mim.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Precisei me ver mulher-amiga-irmã, cuidadora e cuidada, dona do meu lar. Precisei aceitar dividir a cama e não abrir mão, precisei lançar mão da coragem de novos pratos, novas roupas íntimas. Precisei aprender o traquejo da convivência. E me descobri ótima no exercício da rotina. Esse bem que tanto procurei durante vidas, histórias, crônicas, contos, procurei comigo mesma, com o trabalho, mas aprendi com ele, aprendi a amá-lo e a querê-la: a rotina.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Dizem que o início de relacionamento é sempre flores, “depois piora, amiga”. No nosso caso a rotina e o silêncio foram a garantia de que era exatamente o que procurávamos na vida e um no outro – não esperar mais sobre as imprevisibilidades do(a) companheiro(a). Era assim, eu o lia, ele me lia, não havia subterfúgios, passado obscuro. Foi esse o problema?</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Entre o manjericão que coloquei sobre o molho da massa no jantar de ontem e a taça de vinho costumeira porque precisava concluir aquele ensaio, decidi que o tenho amado tanto que me perdi nesse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">continuum</i> que temos sido os dois. Não lembrava mais a última vez em que fiz algo pensando apenas em mim, tive medo de não me amar mais do que o amava, medo de ele de repente decidir partir, sem mais, porque é assim que ele é: fugitivo das relações humanas, da necessidade de explicação. Encantei-me porque ele era exatamente assim, sem brincadeirinhas ou extensão do que precisava ser dito ou percebido.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">[It’s not hard to fall when you float like a cannonball]<o:p></o:p></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0pUGhGSDmTByzUYMbm176aYe2OMRYdWKk8bFs_0q4GbZutRcJ1ijMQL0vPPTWQ0G5XSwdpp5GaxQ7QVkMJP0CL0nQxq3rVkdFb-wTSoE9OJFckQK4nh7WsUJ5iSNDzcj3FMLiw1kSgB3a/s1600/tumblr_l8k4puBdG01qc3dhho1_500_large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0pUGhGSDmTByzUYMbm176aYe2OMRYdWKk8bFs_0q4GbZutRcJ1ijMQL0vPPTWQ0G5XSwdpp5GaxQ7QVkMJP0CL0nQxq3rVkdFb-wTSoE9OJFckQK4nh7WsUJ5iSNDzcj3FMLiw1kSgB3a/s320/tumblr_l8k4puBdG01qc3dhho1_500_large.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Desde o primeiro minuto em que nos vimos eu percebi o interesse dele. Como sempre, o silêncio se traduz pelos olhos e os dele me percorriam. E enquanto conversava com outras pessoas naquele bar, e eu estava concentrada na minha margarita pensando no fim da terapia, ele fazia questão de puxar assunto comigo a cada três minutos, só para que eu erguesse o olhar e me encontrasse com o dele.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Talvez se na juventude nossos caminhos nunca tivessem se cruzado. A maturidade nos trouxe a certeza de que não era apenas a beleza que procurávamos em um relacionamento. Eram os detalhes. O gosto dele, o cheiro dele no meu travesseiro, a teimosia em usar o meu shampoo, de tirar o pimentão do meu prato – que eu odeio e ele adora, de tomar do meu copo de suco depois de dizer ao garçom que não queria suco, de apertar o meu nariz à noite antes de dormir.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">As constantes reclamações para com o meu vinho de todo dia, aqueles jogos de futebol infindáveis, o café super-doce que ele adora, começavam a incomodar.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">O silêncio eu digeria, mas a proximidade exacerbada me preocupou – foi isso. De repente me vi assustada com essa segurança, com a possibilidade do silêncio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad aeternum</i>. Porque eu sei o que ele dizia com o olhar, mas o que eu guardava era negativo e eu sei que incomodaria.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Mas eu quero voltar, quero envolver todo aquele meu homem, meu marido. Quero fazer o jantar e dizer o que estava incomodando para que não me irrite mais – sabendo que nesse momento é melhor conversar que partir. Não era partir que eu precisava, era me enfiar mais nessa relação de interdependência incurável. Quantas outras mulheres não enfrentaram esse momento do medo de perder o que parece perfeito simplesmente por receio de que o outro resolva que “já deu o que tinha que dar” e simplesmente se desespera com a possibilidade da solidão depois de ter desconstruído todo o seu forte de guerra? Poucas, eu respondo para mim mesma. Viemos todas com o defeito de fábrica da carência da compleição – e é deveras doloroso nos ver dependente emocionalmente, entregues. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg7R_W4e1wbemQV3vnm8k0oynmkkskcRJTAIA8f7NcgaSi-VZIlJDEHyFltqZ13wAiExl6Z0ZFt7QGKjJE96KUVB8F1sZ4LcN1OaPyG5KD39cnS_Km_AZ15wyQQYhlWFTBs7TAb2NSsWeZ/s1600/tumblr_lgj4v8DRiK1qbfnixo1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg7R_W4e1wbemQV3vnm8k0oynmkkskcRJTAIA8f7NcgaSi-VZIlJDEHyFltqZ13wAiExl6Z0ZFt7QGKjJE96KUVB8F1sZ4LcN1OaPyG5KD39cnS_Km_AZ15wyQQYhlWFTBs7TAb2NSsWeZ/s320/tumblr_lgj4v8DRiK1qbfnixo1_500.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">[Stay with me. My Love, I hope you’ll always be right here by my side if ever I need you. In your arms I feel so safe and so secure. Everyday is such a perfect day to spend along with you I will follow you will you follow me all the days and nights?]<o:p></o:p></span></div>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-693572887713690964.post-90596279854452473932011-06-28T21:32:00.000-03:002011-06-28T21:32:38.565-03:00Sobre a capacidade de se pensar como o outro, Ou um conto masculino meio torto PARTE I<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Tudo poderia ter acontecido hoje, menos acabar a gasolina do carro bem na hora da chuva, bem no meio da ponte, na volta para casa. Enquanto dirigia só conseguia pensar se ainda tinha aquele uísque que eu gostava dentro da cristaleira, porque quando chegasse em casa, seria o espetáculo da noite: deixar o vinil rodando, tomando da bebida sem gelo, para não apetecer o espírito – e lamentar. Foram necessários 30 reais entre encontrar um posto próximo aberto, comprar o mínimo para chegar em casa 3 horas depois do rotineiro.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Entrei em casa resolvendo se ligava para minha irmã, ou se retomava os planos da embriaguez pálida, por um motivo que poderia ser nada mais que vulgar, estúpido: ela. Não sei quem decidiu primeiro, ou se houve qualquer decisão consensual, mas parece agora que não estava mais dando certo, de uma forma que eu mesmo não compreendo.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Mulher tem sempre a impressão que pequenos gestos insignificantes escondem intenções, mensagens inconscientes, desprezo – tudo negativamente, como depois do amor e dos carinhos e o sono bate, viro de costas para ficar mais confortável; até que entendesse que ela pensava que eu demonstrava alguma coisa ao dar as costas para ela, tive que enfrentar o olhar de desprezo choroso quando acordava por uams 4 ou 5 vezes, então tive que explicar que “estou apenas mudando de lado; não significa que não gosto de você, nem que num plano futuro você ficará sozinha; apenas me viro para me sentir confortável. Você pode se virar, se desejar”. E me forçava a dormir de conchinha pelo simples fato de declarar quase sussurrando que na verdade me desejava.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Nunca entendi porque absolutamente tudo tinha que ter uma explicação com preâmbulo, desenvolvimento, réplica, tréplica e considerações finais (sempre com ela irritada, aos prantos).</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Aprendi que algumas das nossas melhores noites começaram com ela me oferecendo uma taça de Cabernet Sauvignon usando um simples vestido de um tecido cujo nome desconheço, que simplesmente pousava sobre sua pele lisa e cheirosa – que eu absorvia loucamente como o poder do absinto só depois que sentávamos e ela esperava que eu contasse sobre o meu dia.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Então quando ela começava a contar sobre o dia dela, eu começava a experimentá-la – o meu antepasto com o vinho. Enquanto ela falava do que tinha feito adicionando os comentários ácidos, típicos dela, mesmo, soltava os femininos e charmosos sobre cheiros, cores e do que agora queria para a casa, eu sheirava seu braço, comentava o cheiro com novo (e eu percebia suas diferenças de cheiros), sempre tão bom; não tão intoxicante quanto o seu próprio cheiro, quando despida de tudo – e do mundo. De seu suor só pude provar poucas vezes, pois não se deixava aproximar a menos que não fosse para ser consumida, ou agraciada com souvenirs do que seria um bom momento depois.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">E normalmente era jasmim, almíscar, macadâmia, e enquanto a aspirava e ela fazia sua preleção ou próprio não me sentia mais, deixando a taça de vinho no chão e cheirando, sorvendo, acarinhando, gravando para sempre a mulher que era nada mais que minha; pernas, pés, ancas, seios, pescoço, boca, um conjunto que só tinha tamanho e sagrado significado porque era meu. E ela mesma só tinha me agarrado de vez muito tempo depois que me olhou naquele bar e corrigiu-me um comentário infeliz literário que eu havia feito, há um bom tempo atrás.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Na ocasião sorriu com um canto de boca e simplesmente pagou sua margarita e saiu, com aquele vestido que eu tanto ainda amassaria. Só consegui trazê-la para a minha vida depois de provar que seria um com companheiro para a vida: bom apreciador de casa, de música, de cabeça e mau entendedor da alma feminina. Noutro dia, enquanto tentava explicar porque adorava Ne Me Quitte Pas eu estava absorto nas suas canelas grossas, entre um café e outro, na cafeteria que freqüentávamos próxima a nossos trabalhos, sem nunca termos nos cruzado antes. Eu, advogado, ela escritora. Seria, no mínimo, uma excitante luta de gênios, com diálogos pesados e provavelmente discussões épicas desnorteadoras – que magoariam.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2AY6suQjYhJgpGBoG5LQXz79vQAMqV0VRSGmTi9_akhLyf83xJHDw7lMXB8NcWFfF3_61KasSGJqTXXPVGiiSsMJTU2pQWcLbwl1RAu7o4dri-I7awagXKZfSXcGgUbsIP-1O8sIw3SvO/s1600/tumblr_lhlp67fYJJ1qf0ymjo1_500-300x183.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2AY6suQjYhJgpGBoG5LQXz79vQAMqV0VRSGmTi9_akhLyf83xJHDw7lMXB8NcWFfF3_61KasSGJqTXXPVGiiSsMJTU2pQWcLbwl1RAu7o4dri-I7awagXKZfSXcGgUbsIP-1O8sIw3SvO/s1600/tumblr_lhlp67fYJJ1qf0ymjo1_500-300x183.png" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Mas ela se saiu bem, demonstrando um espírito bem forte para alguns aspectos e eu só me apaixonei mesmo da primeira vez em que a trouxe em casa e ofereci o Cabernet que coincidente era o seu preferido.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">O tempo com que começamos a sair para casarmos foi de 9 meses e disso independe uma gravidez. Antes eu queria testar minha lenta habilidade de conquistar mulher e ter prazer com minha superioridade viril. Ledo engano. Ela me fez pensar que eu que estava guiando a situação. Primeiro porque eu sou misantropo e ela me abriu os olhos para esse fato. Antes mesmo que terminasse de tirar a mesa daquele prato insípido que eu havia tentado incrementar, já havia começado a reparar suas saliências sob a roupa e ela, que sabia a que guiaria aquele encontro,continuava conversando informalmente e eu agi da forma como tanto tempo depois continuaria sendo o nosso cotidiano – a melhor parte dos meus dias que nem era o orgasmo, era o antes – o cheirar seus braços, seu colo, sua nuca, sentir seus sempre-bons feromônios, sentir os pelos eriçarem com o toque da minha barba malfeita, o subir-descer do seu tórax enquanto suspirava e colocava as pernas por sobre as minhas, enquanto sentados no sofá e conversando despreocupadamente.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">A mim nunca foi, de fato, significante, usar uma calcinha vagabunda diferente a cada grande transa. A mim o melhor era beijar o seu pescoço, enquanto sentia o seu corpo perigosamente aderido a mim.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Na verdade ela nunca foi pedante, com ares de superioridade por seu domínio lingüístico – confesso preferir sempre ouvi-la sussurrando no meu ouvido melodiosamente o Ich Liebe Dich enquanto passeava seus dedos sobre minha coluna vertebral. Na verdade eu me enganei ao pensar que as discussões seriam espinhosas.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Ela ERA MINHA, com toda acepção da palavrae eu era dela, com toda a excitação que a possessividade pode trazer. Não era sexo todo dia, mas era a melhor rotina que eu poderia esperar, porque eu dormia sabendo que acordaria com a mesma pessoa que me fizera adormecer, e que me irritava com aquela mania de dormir com três lençóis, o que representava um espaço de não-contato entre nós no começo da noite.Me beijava todo o corpo depois do banho e eu ficava em transe com o aroma que ela mesma deixava em mim dos cabelos estranhamente macios que eu acarinhava até adormecermos.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">E tinha aquela insônia irritante que a fazia levantar no meio da noite e sentar na poltrona lendo um livro até cair no sono de novo. E eu ia buscar para a cama aquele conjunto que era o meu perfeito – a minha mulher, da qual eu era.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhagTWAvByg-qeEQ84DkOvi_LXjvivBzmB8DnT0DA-ihLS4pU8gL4MZ00XiD7-7qXJ5RcNIabNysp7xdfQk0wnB9RdjoHgWKaCM4uOcjz1a39ZNVLrB46Y_OFnDcgJ1dB78dN8bg4yqp3jT/s1600/tumblr_l0iwr3TKWF1qa3g5jo1_400_large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhagTWAvByg-qeEQ84DkOvi_LXjvivBzmB8DnT0DA-ihLS4pU8gL4MZ00XiD7-7qXJ5RcNIabNysp7xdfQk0wnB9RdjoHgWKaCM4uOcjz1a39ZNVLrB46Y_OFnDcgJ1dB78dN8bg4yqp3jT/s320/tumblr_l0iwr3TKWF1qa3g5jo1_400_large.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">De manhã, ao acordar me encaminhava automaticamente à cozinha – o cheiro do seu café especificamente me abduzia. Ela tem esse poder de me abduzir e transformar todo o mundo circundante em bruma. Não compreendo. O seu cheiro me consumia perto até do café forte.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Como antes menionei – a melhor rotina que eu poderia esperar. Essa minha necessidade de me fechar no quarto limpo, milimetricamente organizado, climatizado e com aquela presença se tornaram tudo o que o meu mundo conteria. O MEU TUDO.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Mas o pouco dela que me seria suficiente saber estava contido naquele silêncio que pesava muito mais que a minha possessividade e ocupava um espaço maior que aquele meu mundo pudesse comportar- maior que eu.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Não sei quando exatamente ela começou a se sentir sozinha, apesar minha clara presença ao seu lado tentando sempre englobar toda a sua pele, seu perímetro corpóreo, seu cheiro, sua beleza de simplicidade.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Não sei se durante os filmes, ou as refeições, ou sei foi quando o NOSSO silêncio parecia ser o simples significado de rotina e aparente conhecimento e predileção pelo outro ali presente – sem verbalizações. O sentir transcende o verbalizar. Pensava estar sendo sentido.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Mas não sei se para ela tudo isso tinha esse significado de rotina, mas o tinha para mim. Imagino que tenha sentido falta dos planos juvenis de rodar o mundo com a mochila nas costas – duvido que a falta de conhecer novas pessoas, se na sua própria cabeça toda a população mundial já habitava. Ela era todas, o mundo, era um universo - não, continua sendo um astro que exerce inimaginável força gravitacional sobre mim.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Tanto eu poderia ter feito antes se um tão pouco ela tivesse manifestado! Nunca critiquei seu gosto pelo vinho enquanto trabalhava em casa. “É um dos paraísos artificiais”, ela dizia, lembrando Baudelaire.</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Penso que minha mania de correção,perfeição e um mundo utopicamente cinza a meu modo deve tê-la sufocado, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mea culpa.</i> Ao mesmo tempo, acho que era tudo verdade quando eu dizia que gostava mais dela do que ela de mim, muito embora ela mesma tenha me ensinado que só porque alguém não te ama do jeito como você quer/demanda ou espera em igual medida, não quer dizer que não te ame com todas as forças de que ela dispõe.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4ZQ59emu41Pthy2fS4OWKZEIzt5QM0VkShDbpxhR9VdNXGjb4Ox1MHDd95BV4n3bMmkgvKAl5Ez-j3Z89hQk85_R_PdQl5E7TjZGv2OU9rXqbZlfpylrn_aXtjLWMQ99Io056a6yhyphenhyphenwNa/s1600/freedom1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4ZQ59emu41Pthy2fS4OWKZEIzt5QM0VkShDbpxhR9VdNXGjb4Ox1MHDd95BV4n3bMmkgvKAl5Ez-j3Z89hQk85_R_PdQl5E7TjZGv2OU9rXqbZlfpylrn_aXtjLWMQ99Io056a6yhyphenhyphenwNa/s320/freedom1.jpg" width="265" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">E eu sentia a força dela – mas confesso que nem sempre do amor dela. Não sei se porque eu era tão absorto na satisfação do meu mundo que a achei satisfeita e isenta de necessidade de esforços de manutenção.</div>Miahttp://www.blogger.com/profile/06938959970417348858noreply@blogger.com5